sexta-feira, 26 de novembro de 2010

DE GRAVATA BORBOLETA

Dia desses passava pela mesma rua - até gosto de variar, mas há momentos que tem que ser a mesma. De repente, cerca de 10 h, uma figura singular me chamou atenção. Certamente, antes de mim, todas as outras pessoas que a viram, provaram a mesma sensação, terão feito comentários se acompanhadas e dificilmente de volta à casa, aquele singular encontro ou quem sabe uma visão, não terá sido assunto de alguma conversa acompanhada de riso.
Não parecia exibicionismo, pela expressão da face, pelo caminhar despretensioso, nem tão vagaroso, nem que se possa chamar de célere, ia nosso personagem.
Bem penteado e bem barbeado, de bermuda não muito acima do joelho, camisa quadriculada em tom claro, na gola, nada menos que uma gravata borboleta em tom verde.
Numa visita a informações históricas a respeito, constatei que o que se sabe sobre o uso de tal acessório é bastante antigo. Originou-se no fato de os egípcios colocarem em volta do pescoço das múmias, uma espécie de amuleto que era conhecido como “sangue de Ísis”. Era feito de ouro ou cerâmica, e destinava-se a proteger o morto dos ‘perigos da eternidade’.
Em pleno 2010, persiste o uso de gravatas e em maiores solenidades, geralmente quando o terno ou smoking é preto, casualmente, é usada a gravata borboleta. Tem-se noticias de que teria sido criada por marceneiros croatas no século 17, durante uma guerra. Posteriormente, coube ao franceses pegaram a ideia e constituí-la na forma que conhecemos hoje.
De bermuda, camisa quadriculada de manga curta, usar gravata borboleta para o passeio matinal, a primeira impressão que causa é de que se trata de um meio maluco: veste o que vê, o que acha que está bom, a opinião dos outros, mas que importância tem?
Depois de algumas horas, não muitas em que a visão me voltava à lembrança, deparei-me considerando que o que poderia estar acontecendo na verdade, era alguém que resolve desafiar opinião, risos, sarcasmo, ridículo, na verdade, alguém que gosta de se divertir, até da “cara dos outros”, em tempos de tanto enrugar de testa e preocupação, de notícias que os que optam pelo crime estarem resistindo à ordem e dizimando pessoas de vários modos, alguém resolve fazer algo diferente, para se divertir e divertir quem o visse. E não é que há grandeza nesse gesto!
Pode até ser o caso de se dizer, temos muito mais o que pensar do que ficar-nos ocupando de um tipo singular. É verdade, mas que me valeu, valeu, olha ai minha crônica.

Marlusse Pestana Daher
Vitória, 26/11/2010 13:56