sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ANO NOVO

Estamos para encerrar o ano de 2011 e, certamente, não é o caso de agir como diante de uma porta que se fecha para nunca mais ser aberta. Importa antes uma reflexão de como foi vivido, tirando lições, fazendo consistir em aprendizado, não para ficar lamentando erros ou fracassos, há quem se comporte assim, mas para tirar lições, sejam desses como de qualquer outro acontecimento protagonizado ou assistido, para reestruturar projetos, rever cálculos, dimensionar o tempo, encaixar as metas.
Penso que os que vão ler o que estou escrevendo não sejam crianças ou ainda tão jovens em favor dos quais se reconhece ser o tempo propício para projetos. Na primeira juventude, identifiquem-se aptidões, as qualidades e os dons dos quais se é dotado para projetar o futuro com a melhor expectativa de que tudo dê certo, de se sair exitoso, de se dar bem. Uma vez feito isso, é hora de prosseguir agregando disposição cotidiana, praticando ações que se convertam no caminhar seguro e sempre mais promissor, o ideal será alcançado.


Os que já estão caminhando, mister examinar o projeto de vida que vive, remover eventuais obstáculos que estejam causando algum transtorno, os acidentes de percurso, até dificultando, quem sabe, impedindo realizações.
A esse ponto, alguém pode dizer: eu não fiz projeto nenhum, fui chegando onde podia, fui tateando, forçando portas que, se abriam, permitiam-me transpô-las; quanto aos caminhos, não os tracei, fui caminhando.
Realmente, quem sabe a maioria de nós não teve orientação de vida, seguiu intuições, muitos se sentem realizados, outros, nem tanto... Ao contrário, todos que vivermos, em menos de quarenta e oito horas, ingressaremos no ANO NOVO, 2012!
Que tal ser mesmo NOVO, diferente, o melhor, quase único.
Para isso vale parar um pouco, deixar cair as amarras, silenciar no mais profundo encontro só consigo e reconhecer-se, aceitar-se, perdoar-se, amar-se, admitir erros, identificar virtudes, aceitar fracassos, crer que não está só, reerguer-se, dar-se todas as chances, ter compaixão  de si, identificar o próprio viver, reestruturar metas, reinventar estratégias mais propícias, buscar resultados, crer que pode, afinal de contas é criatura criada a imagem e semelhança de Deus.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

JESUS NASCEU

Como todo mundo sabe, Jesus nasceu.
Chegou a plenitude dos tempos designados por Deus, tempo em que o Senhor considerou oportuno tornar efetivo o cumprimento da promessa de que o Salvador nasceria para resgatar o mundo do pecado.
Agora, cumpre-nos fazer por onde Ele seja recebido e amado à altura do que cumprirá em nosso favor.
Não é pouco que Deus se tenha desvestido de sua realeza, se tenha encarnado num ventre de mulher, se tenha feito homem como todo homem por uma causa de amor.
Veio trazer-nos amor, um amor incondicional, capaz de se dar, de não se poupar, de dar a vida por nós.
Santuário de Fátima
Jesus é Deus, é o Emanuel, é o Salvador, Jesus é a paz. Paz da qual precisamos tanto, da qual o mundo precisa para se reencontrar, para cessar o mal, a ganância, a violência. O mundo precisa de Jesus, o mundo precisa de paz. 
Digamos a Ele que estamos agradecidos por seu gesto de amor, que  não se sinta mais sem casa, pois lhe daremos um lugar onde se abrigar na nossa casa.
Jesus, permaneça conosco, entre nós, iluminando-nos com sua luz e com a sua verdade, sele tudo que fazemos, converta-nos ao seu amor, que reconheçamos o valor imenso de ser cristãos, por podermos, por seus méritos, chamar a Deus de Pai.
O Espírito do Natal transborde em nossos corações, nunca mais nos afastemos do Príncipe da paz e com Ele queiramos fazer com que  o mundo seja melhor e com todos os nossos irmãos da terra sejamos mais  felizes.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

FRATERNIDADE E NATAL

Estamos na antevéspera do Natal, no tríduo que nos separa do grande acontecimento da maior história de amor da qual se tem notícia nesse mundo.
Profeta
É o Natal que se aproxima, é Jesus voltando à terra dos homens para lhes dizer amai-vos.
Ouvimos o ressoar das palavras do profeta Isaias: oi gente, fortaleçam esses braços cansados, firmem os joelhos vacilantes. Animem os aflitos: coragem! Nada de medo, ai está o nosso Deus!
Tenhamos, pois, queridos amigos, capacidade de romper as amarras das preocupações sem medida, da falta de esperança, creiamos: Natal é vinda de Deus ao nosso encontro, antecipando maravilhas, deixando-nos vislumbrar as belezas que contemplaremos, quando nos encontrarmos em Sua casa, em Sião, o céu. O deserto se torna jardim, cegos veem, surdos ouvem, mudos falam e coxos voltam a andar, quaisquer males são curados.
Com o salmista sintamo-nos peregrinos e deixemos sair nossa voz para louvar a Deus, apoiando-nos Nele.
Se nos parecer que a realidade é diferente do que somos convidados a crer, ainda assim, façamos tudo o que estiver ao nosso alcance entregando-nos à gratuidade do dom de Deus, na espera confiante e paciente de que mesmo que não sejamos nós a colher, a boa semente que lançarmos germinará, dará flores e frutos de paz, bem e amor para que outros degustem.
Isto é fraternidade!
Isto é Natal!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SAUDADE

Saudade, mas o que é saudade?
que se sente e não se vê.
O que é esta dor
que machuca pra valer?

Que faz querer bem
até a quem não convém,
mas também a quem se tem
estimado muito além.

Saudade, esperança
de ver até quem
se há de querer;
de ter alguém
que não é mais possível ter.

É a oportunidade perdida
de um amor imenso,
intenso,
propenso a ser eterno.

O que é saudade,
pode ser tudo que já foi dito,
que se diz e se dirá
e ainda muito, muito mais.
e certamente muito mais
do que não se disse.

Saudade é rio que caminha para o mar...
É vento que sopra a desfolhar...
É meu sentimento que sequer se define.
É tudo de que me aposso
... e ainda posso repartir.

Ah, que saudade!!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O QUE É MORRER?


Morrer é fechar os olhos, é a primeira coisa que faz quem morre se não os tinha fechado antes. Fecha os olhos para o que via antes. Assemelha-se a um propósito de não querer ver mais nada. Cansou-se do que viu antes.
É sair da vida, tornar-se incapaz de absolutamente tudo, de esboçar um mínimo de reação mesmo que seja para o que antes fazia tanto, impedir-se de morrer, impedir o próprio anulamento e ser arrebatado irreversivelmente pela morte.
Quem morre, como que não se compadece da dor que padecem os que o amam e sua morte choram. Deixa-se sepultar, isto é, provar o maior dos aniquilamentos enquanto o corpo cujo culto lhe merecera tantos cuidados, vai apodrecer e de tal sorte que só sepultado, pode não perturbar tanto odor fétido o ar que os demais respiram.
Morrer é deixar as coisas onde as havia colocado, os planos, se feitos, interrompidos, tudo com que se ocupou ou que constituía objeto de atenções e cuidados e por eles não sentir mais nada, perdem todo significado.
É não intervir mais em decisões de qualquer sorte e não dispensar a quem quer que seja qualquer tipo de cuidados, quanto mais às coisas.
Morrer é defrontar-se com a falência da vida e por acréscimo, chegada a hora da minha morte, sou eu que devo morrer. Só eu posso morrer minha morte, só eu morro por mim e por mais que alguém me amasse, minha morte é minha, ninguém pode morrer por mim.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

E COMO CHORAM!

DITADOR MORRE, NORTE-COREANOS CHORAM

Ditadura é a designação dos regimes não-democráticos ou antidemocráticos, ou seja, governos onde não há participação popular, ou que essa participação ocorre de maneira muito restrita.
Na ditadura, o poder está em apenas uma instância, ao contrário do que acontece na democracia, onde o poder está em várias instâncias, como o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.[1]
Diz-se que um governo é democrático quando é exercido com o consentimento dos governados, e ditatorial, caso contrário. Diz-se que um governo é totalitário quando exerce influência sobre amplos aspectos da vida dos governados, e liberal caso contrário.
Ocorre, porém, que frequentemente, regimes totalitários exibem características ditatoriais, e regimes ditatoriais, características totalitárias.
O estabelecimento de uma ditadura moderna normalmente se dá via um golpe de estado.
WIKIPEDIA

Quem explica?
Peçamos a Jesus que nasça particularmente no coração de cada um daqueles nossos irmãos e descubram o valor da liberdade.

sábado, 17 de dezembro de 2011

VIDA , SAMBA PARA SAMBAR

Assim que eu quero ser lembrado.
Se existe coisa que me levanta o astral, que faz ressoar dentro de mim todos os acordes da música que tenho na alma, essa coisa se chama um bom samba. 
Dia desses, casualmente, (não sou boa telespectadora) frente à televisão, deliciei-me com a Marron dando à eloquente letra do samba, ao ritmo, à música, ainda mais intensidade, muito mais paixão, muito mais tudo de bom. Cantava de Edsone Aluisio,  não deixa o samba morrer...

Quando eu não puder pisar / mais na avenida,  /  Quando as minhas pernas  / Não puderem agüentar /  Levar meu corpo  / Junto com meu samba /  O meu anel de bamba  /  entrego a quem mereça usar...
Eu vou ficar No meio do povo, espiando / Minha escola perdendo ou ganhando /  Mais um carnaval 
Antes de me despedir /  Deixo ao sambista mais novo  /  O meu pedido final: Não deixe o samba morrer  Não deixe o samba acabar /O morro foi feito de samba  / De Samba, prá gente sambar...(4x) 

Maria Rita também canta, com um gingado de emocionar, enquanto a nossa Marrom, com todo respeito, da sua arroba, continua sambando pra ninguém botar defeito, mesmo que sem a leveza das passistas de sua Mangueira, de um jeito todo e só seu.
A inspiração me chamou a compor essas linhas ao ligar o computador e me deparar com a notícia de que o samba está de luto, JOÃOZINHO 30 FOI PARA O CÉU. Ilustra a notícia uma foto sua em plena avenida, delirando com a “Beija Flor”. Foi encimada com frase que traduz desejo por ele manifestado em alguma hora: é assim que eu quero ser lembrado. No samba, sambando, na avenida, no meio do povo, delirando.
De algum tempo, o Joãozinho já não andava bem, chegou a aparecer em cadeira de rodas, num desfile carnavalesco. A letra do samba enfocado se encaixa como testamento musical do nosso design do samba. Já não podia mais pisar na avenida, suas pernas perderam força e não mais o levavam até lá, junto com o samba.
Imagino quantas vezes sentado em sua cadeira de rodas, ter-se-á posto a cismar, olhando no dedo anular da mão esquerda, a oficial da aliança, aquele seu anel de bamba e pensado quem mais o mereceria usar.
Ao mesmo tempo, ainda que involuntariamente, abandona o primeiro sentimento e dispõe-se a, apesar de tudo, permanecer para sempre, no meio do povo, espiando sua escola passar em todo e qualquer carnaval.
Mas tem que voltar à realidade primeira e certamente fez esse propósito: antes de me despedir, deixo ao sambista mais novo, o meu pedido final: Não deixe o samba morrer. Não deixe o samba acabar. Além do morro todo e qualquer lugar foi feito de samba,
de samba, prá gente sambar.
É assim mesmo, Joãozinho, a vida é um tempo através do qual quem passa somos nós. Não havendo outro jeito, fica como se o jeito tivesse sido dado. Prossegue, estou certa de que, quando você divisou a aurora seguinte àquelas a que estava habituado por aqui, nasceu de novo.
Quando São Pedro estiver distraído, não perca tempo, reúna os bambas que o precederam e com eles organize por lá  uma nova escola, você vai-se sentir prosseguindo por uma vida que é nova.
Não se preocupe porque, mesmo que não tenha tido tempo de pedir ao sambista mais novo, os de todas as idades, enquanto estivermos por aqui, os que amamos o samba tudo faremos, não deixaremos o samba morrer, não deixaremos o samba acabar, na verdade essa vida é um samba, samba pra gente sambar.

Marlusse Pestana Daher
sábado, 17 de dezembro de 2011  18:40

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

CRER PARA VER

Encontro de Maria com Isabel
Nem sempre colocamos toda nossa boa vontade, toda nossa capacidade de luta em prol da nossa fé. Recebemos a fé pelo batismo, fazê-la crescer é resultado de um compromisso diário com práticas de atitudes que comprovem nosso amor a Deus e contribuam para edificação das pessoas com as quais convivemos.
É necessário afirmar creio Senhor, e pedir em seguida e sempre: mas aumentai a minha fé.
No caminho da fé nosso melhor exemplo é Nossa Senhora tal qual disse Isabel: bem aventurada aquela que acreditou nas coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
Maria acabara de dar seu consentimento para que acontecesse o Natal de Jesus contentou-se com um mínimo de detalhes que o Anjo lhe apresentou, e no momento seguinte, iniciou sua caminhada na fé. Mais de uma vez o Evangelho atesta: e Maria guardava  esses   coisas no seu coração.
O caminho da fé se faz em escuros, o que exatamente importa é crer na fidelidade de um Deus que é amor. Não nos serve a atitude de Tomé que contesta o aparecimento de Jesus: se eu não o vir, se eu não tocar com meus dedos suas chagas, não creio  e foi repreendido por Jesus que proclamou: Bem aventurados os que não viram, mas creram.
O que Jesus ensina é que precisamos crer para ver e não, ver para crer. Como Maria, deixemos Jesus entrar em nós e propiciaremos que o Natal  que está chegando, seja bom para todos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

BROTOS NOVOS

Toda a liturgia do advento é um convite à humildade, à esperança, ao arrependimento e à conversão como forma de renovação da proposta de vida que Deus nos faz. Nesse projeto, verifica-se a chegada de um mundo novo onde todos os seres humanos, plantas, animais e até os minerais renascem, florescem, frutificam num convívio harmonioso. Não se trata de um paraíso que se perdeu, mas de uma nova sociedade que devemos construir. Trata-se sim de um mundo novo marcado pela humildade: um ramo brotará de um tronco, um renovo que surge das raízes.
Do profeta ainda vem o anúncio do surgimento de um rebento sobre o qual repousará o Espírito Santo portador  de sabedoria, inteligência, conselho, ciência, fortaleza, piedade, temor.
Essa nova criatura ao atingir a maturidade conhecerá por dentro as realidades e não se deixará levar pelas aparências, estará cingida com a justiça que se traduz na defesa do direito dos pobres e dos pequeninos.
O mesmo profeta ainda ensina: quando se faz justiça aos pobres todas as coisas e pessoas se reconciliam. Justiça igual ao acesso a todos os direitos para que aconteça o que disse Jesus: eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.
Deus quer que sejamos brotos novos sobre os quais repousa seu espírito, o reino de Deus só aceita os que se tornam crianças reconciliados com a natureza e com os semelhantes.
O advento é bom tempo para consolidar esse projeto. 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

MARANATA

O ser humano tem dentro de si a LUZ, mas prefere tatear pelo escuro, procura fora de si o que pode ser encontrado no mais íntimo do seu coração e nos seus semelhantes. Distancia-se dessa realidade que lhe é tão próxima e pensa poder vivenciar à distância pelo que mais anseia.
Achamos que para nos relacionarmos com Deus e ir ao seu encontro é preciso ter atitude de quem vai a algum lugar. Antes, importa acolher o desvelamento do mistério de Deus em nossa vida, até porque Ele é mais íntimo de nós do que toda nossa interioridade.
Importa, na expressão do Apóstolo Paulo, desnudar-se do homem velho para que surja a nova criatura com que o Pai nos revestiu na encarnação de seu filho Jesus.
De acordo com o Evangelho já nos deveríamos encontrar na mais íntima convivência com Deus, pois tudo foi feito por meio do Verbo que é a própria vida dos homens, a luz que nos ilumina. Verbo que está presente no mundo, o qual foi feito por meio Dele. Verbo que veio para o que era seu, que se tornou tão próximo de nós, a ponto de assumir a nossa natureza humana e armar sua tenda entre nós.
Gente, pelo amor de Deus, não corramos o risco de não crermos nessas verdades, de preferirmos caminhar nas trevas, quando há tanta luz para nos iluminar, para que também não seja dito de nós que Ele veio para os que eram seus e os seus não o receberam.
Ao contrário, pois é advento, digamos com entusiasmo verdadeiro: maranata, vinde Senhor Jesus !

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

DESERTOS

A idéia de deserto perpassa as reflexões de advento. Deserto além de lembrar um lugar, é também idéia de absolutamente nada, mesmo sendo um lugar sem vida, impróprio para se viver, no deserto do advento há caminho.
Encontrar um poço, uma sombra, um oásis no deserto é o que mais quer, quem estiver caminhando por ele, pois a sede é arrasadora.
Quem se encontra em situações de desconforto e não é incomum que experimentemos situações assim, é como quem atravessa o deserto, tem sede e com ela alucinações de que a certa distância vê água e com isso se anima, esquece o cansaço e acelera o passo, para chegar logo.
No nosso desalento quem sabe, na dor e na tristeza estamos no deserto e nos lembramos do poço que é Jesus. Tomara que diante da esperança de encontrá-lo e assim nos recuperarmos, reunamos todas as nossas forças para correr em direção de Jesus e nos atirarmos nos seus braços e lhe entregarmos tudo que sentimos, tudo que padecemos, tudo que nos deixa mal.
Ele quer que tenhamos esse sentimento, essa certeza no seu amor. Se não tivermos sede, não nos damos conta do quanto a água é importante, se não passamos algum deserto de vida,  na vida, não sentiremos carência que  a aridez do lugar provoca, se nosso amor a Ele é pequeno, não sentimos falta DELE, então, por compaixão, Ele permite que nos sucedam desertos... Olhando a frente, veremos que Jesus nos estende os braços e correremos ao seu encontro e nos deixaremos cair no seu abraço.
Do Programa 5 minutos com Maria
Radio  América AM 690

Saudamos os novos leitores em Luxemburgo,
nos Emirados Árabes e na India.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

POSSÍVEL INSENSIBILIDADE

O tempo de Natal nos coloca numa atitude de quem espera e, se espera é porque deseja, ou mesmo, porque ainda não tem.
Natal é uma entre as tantas manifestações do amor de Jesus por nós. Só o amor, e não qualquer amor, mas amor de Deus, Jesus é Deus, justifica a capacidade de renunciar à própria natureza divina e fazer-se homem, sujeito a todas as fragilidades comuns aos homens, à natureza humana, para restabelecer o elo quebrado da aliança de fidelidade feita por Javeh com o povo eleito, o povo escolhido como seu povo.
Apesar de saber dessas coisas, ainda existe quem seja capaz de ficar indiferente, ou de não se tocar, não se comover, conviver com a realidade, de forma tão natural que acaba transbordando na indiferença. Sabe que tudo que tem, que é, se pode alguma coisa, é pela graça do Espírito Santo, mas “vai tocando a vida sem compromisso ou deixando-se levar”.
Quem estiver diante de tal insensibilidade ou fraqueza, que se pergunte: eu sou capaz de entregar a minha vida para salvar a dos outros? Foi o que Jesus fez. Esses outros são muitos, muitos, gerações de outros. Jesus foi capaz.
Que Jesus nasça no nosso coração, eliminando a indiferença da nossa alma e abrindo-nos ao seu amor para ser despejado a serviço de quem precisa, na construção do mundo, grande lar em que habitam irmãos, os que chamamos ao mesmo Deus de Pai.

domingo, 4 de dezembro de 2011

VIVER E VIDAS

Um cotidiano denuncia a falta de pagamento do bônus assegurado a alunos que concluem a 4ª ou a 8ª série do curso fundamental, cerca de quatrocentos reais. Diante da página, entretanto, o que mais me despertou atenção foi a foto que a ilustra: cinco mães de tais alunos, braços cruzados - conforme instruídas pelo fotógrafo, certamente, - mesma busca, mas que diferença pode ser identificada no olhar de cada uma.
Deixei-me longamente observar aquelas expressões. A primeira olha simplesmente, momentaneamente desviada do seu foco; a segunda demonstra no olhar atitude de quem repreende; a terceira, quase sorri, quase, mas nada indiferente; a quarta traduz um como é que pode tamanha indiferença (lógico diante da situação), a expressão da quinta, em parte como da terceira, exprime um contido: tudo isso não passa de uma grande sacanagem. Das cinco, duas se preveniam contra frio, outras duas revelam não estar nem ai, a última, um tanto faz, ou linha do meio.
Somos todos iguais, mesma origem, mesmas circunstâncias a amealhar-nos as vidas, mesmo destino final. Mas ninguém é igual e reage conforme a percepção que tem do que sente, da forma como sente, cada um tem seu mapa, isto é, sua maneira de interpretar o que vê e assim, construímos mediante nossas individualidades o mosaico fantástico que povoa a terra e chamamos de humanidade.
Apesar de todas as denominações já dadas à vida, apesar dos tantos conceitos com que já a definimos, entre os quais, de que é bonita, é bonita e é bonita! pelo que: não se tenha vergonha de ser feliz, a vida é também um mistério a ser desvendado.
Deveria ser fácil viver, primeiro, porque aqueles de quem se fala são viventes já redimidos por um Deus redentor, depois, porque como ninguém discorda, o sol nasceu para todos.
Mas não é bem assim e do nascer ao ir vivendo, cada um passa do santo ao malabarista, pelo artista, do inventor ao estrategista, ao driblador, ao fazer-se rio desviando-se de obstáculos para chegar ao destino final, cada um como pode, administrando o que acontece, ou como náufrago, o certo é que: todos acabamos por chegar lá.
É só, só quis falar de mais uma das impressões que me assaltam enquanto leio a vida, aliás, minha leitura preferida.
Somos tantos, muitos, iguais, ao mesmo tempo tão diferentes, uma única vontade fundamental viver intensamente, os meios acontecem, o como do modo que se faz, aqui e agora.
Não edito a foto em respeito aos direitos autorais.

Grande abraço a todos os que me agraciam incluido-se como seguidores do meu blog e para os leitores franceses que acabo de identificar.

Aceitem tão belas orquídeas,
fruto do amor de
 Maria Lucia Grossi Zunti,
querida amiga linharense. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

TEMPO DE ESPERA

O advento ou tempo de espera – precede o natal - se caracteriza por uma dimensão fundamental de espera. Quando nos colocamos numa atitude de quem espera que algo aconteça é porque ainda não temos, assim, a realização da esperança é a alegria de recebermos o que esperávamos.
CIDADE SOL
Não nos colocamos só em uma atitude de espera, mas reunimos sempre o que há de melhor em nós, concentramos ali nossas energias, organizamos nosso tempo para esse encontro, chegamos a sonhar com ele. Isto é advento.
E Natal é celebração do nascimento de Deus que se faz homem, mediante um nascimento humilde, sem estardalhaço, sem pompa, sem rendas, simplesmente uma criança. Nem poderia ser diferente, pois Jesus quis ser como nós e estar o mais perto de nós,  manifestando-se de forma a mais concreta ao mesmo tempo, a mais sublime.
É diferente do presépio onde percebemos a força da fragilidade de Deus, pondo-se totalmente à nossa disposição, convidando-nos ao acolhimento e ao serviço.
Podemos acolher essa continua novidade de Deus que se renova a cada Natal, de acordo com a nossa situação concreta, porque cada ano acontecem coisas diferentes e Deus entra na minha na sua história, com uma nova promessa, com alegria diferente.
A grande pergunta é onde quero que Deus esteja na minha vida? aqui e agora?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

ADVENTO

Advento é preparação para a chegada de Jesus à terra. Volta para nos lembrar que seu amor não tem limite, é amor que só sabe amar, amor único.
Meu filho e meu Deus!
No mais íntimo de nós, nosso coração percebe que acontecem manifestações produzidas por uma expectativa de algo bem maior do que as que nos invadem, revestidas de luzes e cores, atraem nossa atenção, acrescidas de boa música nos enlevam e acabam por nos surpreender repetindo os mesmos acordes, enquanto se faz prepotente a ânsia de adquirir tais mimos, habilmente  dispostos nas vitrines e daí se conta somente um passo, adquirir o que não estamos precisando.
E nos enchemos de pacotes, gastamos o que não temos, comprometendo nosso salário e até nos endividando, e o que é pior a isso chamamos de natal. Somos enganados, ou melhor dizendo: deixamo-nos enganar.
Aquilo de que sentimos falta e que nos provoca ânsias não se preenche com coisas, bebidas ou comidas adquiridas com dinheiro. Nossa ânsia, o desejo mais profundo que inquieta nossa alma é o amor de Deus semeado pela fé em nós, pela graça, de graça, temos sede é de Deus.
Temos sede do Amor-Deus porque Deus é amor. O que queremos  na verdade é acolher aquele menino que nasceu do lado de fora porque as casas todas estavam muito cheias.
Abramos nosso coração à graça. Deixemos de fora as coisas que o dinheiro proporciona. Assim esvaziados, Jesus vai ter espaço para nascer em nós.

sábado, 26 de novembro de 2011

DOLORES SIERRA

       Quantas vezes terei cantado, claro, imitando a postura da voz de Nelson Gonçalves, “Dolores Sierra”, aquela, que “vive em Barcelona, na beira do cais”.
Não tinha castanholas e sua companhia era a de quem desse mais. Nascida em Salamanca, de um pai lavrador, chegada à maior idade, parte para o mundo. Passara toda a adolescência nas asas da imaginação, em sonhos fantásticos mil, entre eles, mudar para a cidade grande.
Não obstante o pranto copioso da mãe, sua fantasia forjada longamente, foi capaz de superar tudo. E, mesmo depois das lágrimas abundantes que também seus olhos versaram, afinal de contas, amava muito os seus, partiu.
Praticamente, no mesmo dia de sua vida catalunha, conheceu D. Pedrito. Tinha que ser um Pedro, cujo nome se associa sempre a quem é muito levado e “apronta todas”!
Pois bem, encantado com tamanha e angelical pureza, tomado da cobiça e da vaidade de “ser o primeiro”, aproxima-se, seduze-a, nada menos, e lhe faz promessas inúmeras nos dias que passaram a viver  juntos numa pensão nas imediações do hoje “Porto Velho” de Barcelona. Mas está tão bem cuidado, tão limpo e majestoso, que de velho só resta o nome.
As promessas? Faria de Dolores rainha, cobri-la-ia de seda do Líbano, de aromas de França, sapatos macios e na mesa nunca faltariam as melhores iguarias. Imagine-se todo esplendor por onde quer que estivessem ou passassem!
Na casa onde viveriam... de amor, contaria com serviçais altamente qualificados, quem melhor pudesse prestar. Bastaria que ela permanecesse linda, produzida no melhor estilo, com hoje se diz, contando as horas da ausência dele, até que  pudesse voltar.
Num tocar de sonoras campainhas, aliás, diversas, cada som traduziria uma finalidade, todas as solicitações, todos os desejos que tivesse seriam prontamente satisfeitos.
Foram poucos aqueles dias, mas o suficiente para ter sido profundamente sugada.
Naquela manhã, um facho de luz consegue transpor as cortinas da janela e atingiu-lhe a face. Era de meio-dia a pino. Virou-se, ainda de olhos fechados, mas com um sorriso emoldurando os lábios, suas mãos procuraram o corpo do amado que ali já não estava.- Bem, terá saído...
Mas as horas passam, veio a noite e nada. Sem saber mais o que pensar, de tão cansada, acaba adormecendo...
Desperta cedo no dia seguinte e dirige-se ao restaurante para o desjejum. Ao fim, o dono da pensão a chama e comunica que suas diárias pagas findavam ali.
Apesar de nascida na roça, era dotada de inteligência bastante para entender que fora enganada. No quarto, chorou todas as lágrimas que pôde e como o meio dia se aproximava, reuniu o que era seu e ao transpor a soleira daquela porta, pisou a sarjeta, era mais um autômato que gente.
Rumou na direção que a conduziram seus passos e quando pôde perceber, viu-se no cais do porto.
Sentada num degrau de pequena escada, passou o resto da tarde e quando a noite totalmente se fez, sem nem divisar o rosto do homem que lhe estende a mão e ajuda a levantar-se, deixou-se conduzir.
Dia seguinte, primeiras horas da manhã ainda, ele a despede depondo-lhe na mão, uma peseta.
Faminta, com sede, com frio, passa a viver os dias, à beira do cais. Posto que muito bela, não lhe faltava companhia, a de  “quem desse mais”. Até quando?
Pelo que se ouve, nosso poeta também a conheceu, esteve em sua companhia, tanto que “pagou a despesa”. Mas ele também como tantos, ao apito do navio, foi-se, não sem antes dizer adeus, a Barcelona e a Dolores Sierra.
O tempo passou, o nome de Barcelona ancorou na minha memória ligado a essa história triste, em música tão agradável cantada.
Em viagem às plagas catalúnicas, me propus, tenho que conhecer o cenário da vida dessa mulher imaginária que são todas que podem contar história idêntica a sua.
E não é que após longa caminhada, primeiro por ruelas estreitas, maravilhosas, a partir da Praça da Catedral, me vi em Las Hamblas, onde acabei por chegar ao Porto Velho!
Pelo passeio central, deparei-me com um cenário de tantos ambientes, tanta variedade de nacionalidades, de demonstrações teatrais, grupos de dança, de todo tipo de criatividade que se puder imaginar.
Lá está também, resultado da comemoração dos 500 anos de descobrimento da América, um monumento com uma estátua de Cristóvão Colombo, voltada para os mares “nunca dantes navegados”. O pedestal  de tão alto, obriga inclusive quem muito alto é, para olhar, a voltar a cabeça inteiramente para trás.
Que mania, pôr tão alto quem  não se pode mais ver, nem ser visto! É por isto que faço parte dos que acham que toda ternura que se quiser demonstrar a qualquer ser humano, que se faça agora, adiar ou esquecer resulta inútil.
Estavam lá, um paço enorme que precede a chegada à beira do cais, edifícios bem cuidados, dezenas de embarcações multicoloridas, gente que caminha de lá para cá, ônibus que trafega com turistas, tudo demonstra ares de quem, recentemente, sediou edição de jogos olímpicos mundiais.
Depois de ter fotografado tudo, girando-me como em círculo, pergunto-me onde Dolores Sierra se encolhera naquele triste dia? Em que degrau sentou-se, se aqueles que ali estão só servem de passagem para quem chega a vistosas embarcações de passeios ao largo?
É que aquele já não é o cais do porto que acolheu Dolores, ela não está mais ali... Mas que minha divagação valeu, ah isto valeu e como!


Barcelona, 8 de setembro de 2006




















terça-feira, 22 de novembro de 2011

O BEM NÃO FAZ BARULHO

        Todos nos devemos manter atualizados, saber o que se passa ao nosso lado, além de nós, e até em outras fronteiras.
O meio destinado à promoção desta possibilidade é a mídia: jornais, televisão, rádios e revistas. Entretanto, já há pessoas que se recusam a ler jornais. Uma expressão comum entre muitas é a de que, “se torcermos o jornal, sai sangue”, traduz-se em dizer que as notícias estampadas em suas páginas são sempre de desastres, crimes de toda sorte, morte.
De fato, os jornais optaram preferencialmente por anunciar o mal, as coisas ruins que acontecem. Dizem que é disto que o povo gosta e se não usarem de tal expediente, o jornal não é comprado. É claro, que como empresas que são, devem dar lucro.  Daí ser este o principal objetivo deles.
Antes de escrever, examinei ao menos seis edições de um determinado jornal e a constatação não foi outra.
Entretanto, os que cremos em Deus não nos podemos incluir entre os arautos do caos. Importa crer que “Jesus Cristo é o Senhor”, (Fil. 2,11) que são muito mais os que creem nele, do que os que o renegam e que, numa “nação, cujo Deus é o Senhor”, (Sl 143,15) não obstante as aparências, devemos continuar acreditando, que nem tudo está perdido.
Podemos ter desviado o rumo de muitas coisas, muitas mesmo. Perdemos o sentido da grandeza de Deus, deixamo-nos levar por outros deuses e seguimos ao invés dos verdadeiros pastores, lobos vorazes.
Perdemos o rumo da família que “recebeu a missão divina de ser a primeira célula vital da sociedade... se torna uma espécie de santuário doméstico da Igreja, quando a piedade de seus membros os reune na oração comum, ... pratica a hospitalidade, promove a justiça e se põe a serviço dos que passam necessidade”. (Vat II 955).  Somos levados a não levar a sério a voz da consciência e, mesmo, quando sentimos os apelos que nos são feitos de forma categórica, achamos que o destinatário pode ser “um outro”.
A Palavra de Deus é ouvida, mas pouco posta em prática. Abdicamos do nosso potencial de cidadãos e não nos posicionamos de forma mais categórica ante os representantes que elegemos, que não cumprem o que prometem, e ainda assim, levados por falsos cantos de sereia, os discursos de palanque, acabamos por reconduzi-los aos cargos dos quais se valem, somente, para a própria promoção.
Marginalizamos ou não conhecemos nossos direitos, ao invés, somos capazes de criar, inexistentes.
Formamos a comunidade humana que só será bem definida, só será plena e conduzirá todos a serem efetivamente iguais perante a lei, se todos, neste sentido, se empenharem.
Nós também formamos o que na natureza se chama de ecossistema, comunidade de seres vivos que se entrosam, colaboram uns com os outros e ainda servem ao homem, por acréscimo.  Já dissera Raul Folereau: “ninguém tem o direito de ser feliz sozinho”. 
É preciso buscar o bem e saber contrapô-lo ao mal. É preciso não comprar o jornal puro sangue. É preciso proclamar pelas ruas e praças que o bem existe.
O bem é de Deus e assim é discreto, age silenciosamente, persistentemente, dá sem nada pedir em troca, é fermento que leveda a massa e a faz crescer. O mau precisa de palco e dá espetáculo para ser visto.
Não é verdade que tudo vai de mal a pior. Ou o sacrifício redentor do Cristo, Filho de Deus, de nada teria valido.
Talvez precisemos mudar as cores das lentes dos óculos através dos quais contemplamos as coisas e acabaremos por constatar que como o bem não faz barulho, o barulho não faz bem.




segunda-feira, 21 de novembro de 2011

CARINHOSAMENTE

Bafejada pelo sol que brilha maravilhoso nesta manhã de segunda-feira, saudo os que me lêem na Malásia, na Suécia, na Argentina, em Cingapura, no Reino Unido, em Cabo Verde, em Portugal, na Itália, na Alemanha, na Rússia, nos Estados Unidos, na Espanha, em Costa Rica e claro, no Brasil.

Aquele abraço

Marlusse
marlusse2010@gmail.com

domingo, 20 de novembro de 2011

SOLENIDADE DE CRISTO REI

        A ele que nos ama e nos libertou de nossos pecados com seu Sangue...a glória e o poder pelos séculos (Ap 1, 5-6). Colocada no fim do ano litúrgico, aparece a solenidade de Cristo Rei como síntese dos mistérios de Cristo comemorados no curso do ano, como o vértice em que resplandece com mais intensa luz a figura do Senhor e Salvador de todas as coisas.
Domina nas duas primeiras leituras a majestade e o poder régio de Cristo. Contempla a profecia de Daniel (7, 13-14) seu aparecimento nas "nuvens do céu" (ibidem, 13), fórmula tradicional que indica a volta gloriosa de Cristo no fim dos tempos para julgar o mundo. "Todo o poder lhe foi dado, toda a glória e império. Todos os povos, nações e línguas o servirão. Seu poder é poder eterno. Seu reino não terá fim" (ibidem, 14). Deus - "o Ancião" (ibidem, 13) - o constituiu Senhor de toda a criação, conferindo-lhe um poder que ultrapassa os confins do tempo.
Na 2ª leitura (Ap 1,5-8), realça-se este conceito com a famosa expressão: "Eu sou o Alfa e o Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Onipotente" (ibidem, 8). Cristo, Verbo eterno; é "aquele que é" e sempre foi, princípio e fim de toda a criação. Cristo, Verbo encarnado, é aquele que vem para salvar os homens, princípio e fim de toda redenção e que um dia virá para julgar o mundo. Ei-lo que vem entre as nuvens e todos os olhos o verão, também os que o traspassaram e, por causa dele, hão de se lamentar todas as tribos da terra “(ibidem, 7).
A visão grandiosa de Cristo Senhor universal une-se a de Cristo crucificado e esta recorda a consideração de seu imenso amor: “Ama-nos, e nos libertou dos nossos pecados em virtude do seu Sangue" (ibidem, 5). Rei e Senhor outro caminho não escolheu, para purificar os homens do pecado, senão lavá-los com o próprio Sangue.       Unicamente por este preço os introduziu no seu Reino, onde os admitiu não só como súditos, mas também como irmãos e co-herdeiros, como co-participantes de sua realeza, de sua dominação sobre todas as coisas. Assim, com ele, único Sacerdote, poderemos oferecer e consagrar a Deus toda a criação. "Fez de nós um reino de sacerdotes para Deus, seu Pai" (ibidem, 6). Até este ponto quis Cristo Senhor que participassem os homens de suas grandezas!
O Evangelho (Jo 18,33b-37) também apresenta a realeza de Cristo em relação com sua Paixão e a contrapõe, ao mesmo tempo, às realezas terrenas. Tudo isto baseado no colóquio entre Jesus e Pilatos. Sempre se ocultara o Senhor às multidões, que em momentos de entusiasmo queriam proclamá-lo rei. Entretanto agora, que está para ser condenado à morte, confessa abertamente sua realeza. A pergunta de Pilatos: "Então és rei?", responde: "Tu o dizes, eu sou Rei" (ibidem, 37). Antes, porém, declarara: "Meu Reino não é deste mundo" (ibidem, 36).
A realeza de Cristo não está em função de domínio temporal algum, nem político! E, ao contrário, de domínio espiritual: consiste em anunciar a verdade, em conduzir os homens à suprema Verdade, libertando-os das trevas do erro e do pecado, "Para isto vim ao mundo - diz Jesus - para dar testemunho da verdade" (ibidem, 37). Jesus é a "Testemunha fiel" (2ª leitura) da verdade, isto é, do mistério de Deus e de seus desígnios de salvação do mundo. Veio revelá-los aos homens e testemunhá-los com o sacrifício da própria vida. Por isso, só quando está para abraçar a Cruz declara-se Rei. E, da Cruz, atrairá tudo a si (Jo 12,32).
Impressionante é que, no Evangelho de João - o evangelista teólogo - esteja o tema da realeza de Cristo constantemente ligado ao da Paixão. E que, na realidade, é a Cruz o trono régio de Cristo.  Da Cruz abre os braços para apertar a si todos os homens, da Cruz governa com seu amor. Para que reine sobre nós, temos de nos deixar atrair e vencer pelo seu amor.
Orações

*Deus eterno e todo-poderoso, dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo, Fazei com que todas as criaturas, libertas da escravidão do pecado, e servindo à vossa Majestade, vos glorifiquem eternamente.

Missal Romano, Coleta

*Sois Rei, Deus meu, por toda a eternidade; não é emprestado o Reino que tendes, Quando se diz no Credo: "Vosso Reino não terá fim", experimento, quase sempre, particular alegria, Dou-vos mil louvores, Senhor, e bendigo-vos para sempre; enfim, vosso Reino durará eternamente (Caminho 22,1).

Ó Jesus meu, quem pudera dar a entender a majestade com que vos mostrais e quão Senhor de todo este mundo, dos céus e de outros mil mundos e de inumeráveis mundos e céus que poderíeis criar! Claramente se vê, Jesus meu, o pouco poder de todos os demônios em comparação do vosso, Na verdade, quem vos tiver contentado plenamente pode calcar aos pés o inferno todo, Sim, quereis dar a entender quão grande é o poder de vossa sacratíssima Humanidade unida à divindade, Aqui se representa bem o que será no dia do juízo ver a majestade deste Rei e o rigor que mostrará aos maus. Aqui é a verdadeira humildade incutida na alma pela vista de sua miséria que não pode ignorar; aqui, a confusão e o verdadeiro arrependimento dos pecados, Vendo a alma que apesar de tantas infidelidades continuais a dar-lhe tantas mostras de amor, não sabe o que fazer, e assim fica aniquilada (Vida 28, 8-9).
Sta. Teresa de Jesus
Eduardo Rocha Quintella

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

OI AMADA!

De Jô para Thelma Azevedo


Thelma em almoço de fim de ano

Oi amada!” Essa era sua saudação habitual quando me ligava pedindo carona para reuniões e eventos da Academia Feminina ES de Letras.
Ao estacionar diante de seu prédio, lá estava você, no portão, toda elegante e perfumada, à minha espera. Vou sentir saudades de nossos papos nas idas e vindas pelas ruas de Vitória.
Estive em sua casa na antevéspera de sua partida, lembra-se? Encontrei-a serena e sorridente, diante do televisor. Notei que estava trêmula e também com voz trêmula, mas aparentemente bem de saúde e totalmente lúcida. Levei-lhe frutas frescas e prometi passar por lá todos os dias, após a caminhada matinal. Você manifestou o desejo de subir a serra para conhecer meu sítio. Disse-me também que seu filho tinha um sítio próximo ao meu, e que gostaria de visitá-lo antes de partir para o além.
Seu médico já havia autorizado o passeio. Combinamos fazer isso o quanto antes, talvez na próxima semana. Puxa, Thelminha! Você partiu sem me avisar!
Jo autografa para Thelma
Eu estava na roça, desconectada do mundo. Só soube de sua partida três dias depois. Desculpe-me por não estar presente em suas exéquias. Você não imagina o desapontamento, a tristeza e o vazio que me invadem ao pensar que não poderei mais vê-la, nem ouvi-la. Você demonstrava estar preparada para nos deixar, mas nós não estávamos preparados para perdê-la.
Você sempre mencionava, de alguma forma, que “sua hora” estava chegando. Eu desconversava e mudava de assunto. Nunca consegui encarar com naturalidade a perda de entes queridos. Dói muito!
Certa vez solicitaram-me um epitáfio para o túmulo de um parente. Enviei a seguinte frase: “Uma estrela que se apaga na terra, brilhará para sempre no infinito”. Pois é, querida colega, continue brilhando à nossa espera. Um dia, estaremos todos juntos, formando uma grande constelação.
Beijos para você, para os querubins, serafins e ofanins.

Jô Drumond 15/11/2011

Achei a crônica de Jô muito linda.
Não podia fazer a menos de publicar.




Obrigada Marlusse!
Até chorei ao ver meu texto com as fotos, em seu blog.
Merci chérie!
Bises


 


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

NEM SEMPRE FICAMOS SABENDO

Dom Redovino Rizzardo, cs
Bispo de Dourados - MS
No dia 10 de outubro, a imprensa informou que Juan Pablo Pino, jogador do Al Nasr, na Arábia Saudita, foi preso por exibir uma tatuagem de cunho religioso. O incidente ocorreu quando o atleta passeava com a esposa num shopping de Riad, capital do país. Com uma camiseta sem mangas e a imagem de Jesus à mostra, acabou revoltando as pessoas que estavam no local. A confusão chamou a atenção da polícia, e o rapaz foi preso.
No dia 11, em Roma, o cardeal Leonardo Sandri demonstrou seu pesar pelo massacre de um grupo de 26 cristãos ortodoxos ocorrido no domingo anterior, no Egito: «Estes irmãos ortodoxos, depois de sofrerem o incêndio de sua igreja, quiseram expressar, como quaisquer outros cidadãos, seu desejo de liberdade religiosa e de respeito a seus direitos. Infelizmente, nesta manifestação, encontraram o cálice amargo do sacrifício e da morte. Para todos, é um fato desolador, triste e angustiante. Solidarizamo-nos com a Igreja ortodoxa e com os familiares das vítimas de uma violência sem sentido».
No dia 14, os bispos da Igreja Católica do Canadá se posicionaram sobre a condenação à morte do pastor evangélico Youssef Nadarkhani, preso no Irã por ter deixado o Islã e abraçado o Cristianismo. Em carta às autoridades políticas e judiciárias daquele país, Dom Brendan O’Brien convidou-as a respeitar a liberdade religiosa: «Pedimos que o pastor Nadarkhani, assim como todas as demais pessoas que vivem uma situação similar em seu país, sejam tratadas de acordo com o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos”».
Por fim, no dia 28, em Perth, na Austrália, durante uma reunião dos 16 países que integram a Comunidade Britânica, foram revistas algumas das leis que regem a sucessão real no Reino Unido há 300 anos. Quem explicou a razão das mudanças foi o primeiro-ministro David Cameron: «A ideia de que o filho mais novo deva ser rei no lugar da irmã mais velha pelo simples fato de ser homem, ou de que um futuro monarca possa casar com uma pessoa de qualquer religião, menos a católica, é uma forma de pensar que está em desacordo com os países modernos que nos tornamos». Na verdade, os católicos continuam proibidos de assumir o trono inglês, pela interferência entre o governo civil e a Igreja Anglicana existente no país.
No Brasil, à primeira vista, parece que tudo seja diferente e tranquilo. De acordo com uma pesquisa realizada em 23 países pela Empresa Ipsos, ele é o terceiro país do mundo em que mais se acredita em Deus. Sobre 18.829 entrevistados, 51% creem numa entidade divina. Os que não acreditam são 18%, e os que não têm certeza, 17%.
Crer em Deus, porém, não significa que os brasileiros acolham pacificamente a doutrina pregada pelas denominações religiosas. Assim, por exemplo, somente 32% deles acreditam numa vida após a morte, enquanto 12% optam pela reencarnação.
Entre os pesquisados, um total de 18% afirmam que não acreditam em nenhum ser supremo. No topo da lista dos descrentes está a França; a Suécia vem em segundo lugar e a Bélgica em terceiro. No Brasil, de acordo com estudo publicado a 23 de agosto de 2011 pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, de 2003 a 2009, o grupo dos “sem religião” (ateus e agnósticos) passou de 5,1% para 6,7.
Em 2012, a Igreja Católica celebrará o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II. Se as religiões quiserem voltar a ocupar o lugar que lhes cabe na sociedade, não podem esquecer as palavras pronunciadas pelo Papa João XXIII no dia 11 de outubro de 1962, na abertura dos trabalhos conciliares: «A Igreja sempre se opôs aos erros, condenando-os, às vezes, com a máxima severidade. Em nossos dias, porém, ela prefere recorrer mais ao remédio da misericórdia do que ao da severidade. Ela julga satisfazer melhor às necessidades atuais mostrando a validade da fé do que condenando os erros. Ela quer ser benigna, paciente e cheia de misericórdia para com todos».