sábado, 30 de julho de 2011

HUMILHAÇÕES...

        Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem. Delas a arte se serve em abundância: paixão, saudades, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo... Reconhece-se cada uma destas alegrias e tristezas, não há muita novidade, quem sabe nós  outros vivenciamos um pouco de cada, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música.         
Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com frequência, aquele que se sente na própria pele,  como se fosse uma visita incômoda. Falo de humilhação.  
Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém a menospreza diretamente, a reduz. Que lugar é este que não permite movimento, travessia? Opressões hierárquicas: patrão-empregado, oficial- subalterno, professor-aluno, adulto-criança. Respeita-se naturalmente a hierarquia, mas não se pode engolir a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago ao se perceber que é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas complexadas. Humilham para não se sentirem humilhadas? Conseguem?
Quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante?  No desconhecimento de si. Naquele tentar superar dor antiga que não passa. Procura-se amizade em quem não tem para oferecer e se cai em velhas ciladas, armadas pelo coração. Oferece-se o próprio corpo e todo carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, resultados vexatórios.   
Esteve-se apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas como que a nos  quererem soterrar.
São frutos do que fui pensando ao deixar o presídio de mulheres, que acabei de visitar...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

HAITI NÃO SAI DAS RUÍNAS

Enquanto o Haiti continua lutando para se recuperar do terremoto de janeiro de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas e obrigou cerca de 1,5 milhões a viverem em acampamentos, o financiamento internacional ainda não atingiu as generosas promessas feitas no ano passado. Além disso, os problemas dentro [...]


Escrevi este artigo em fevereiro de 2010.


HAITI, DO POVO MAIS POBRE E MAIS MARTIRIZADO DO PLANETA

Já era o mais pobre país do planeta, de gente martirizada, à margem da cultura, do desenvolvimento, da história. Mas um terremoto se abateu sobre ele, fez ainda mais estragos e roubou mais de 200 mil vidas. Então virou manchete de todos os jornais do mundo. Agora todos falam do Haiti.  

Situa-se num conjunto de arquipélagos entre as duas Américas, ocupa o terço ocidental da Ilha de São Domingos, possuindo uma das duas fronteiras terrestres da região, a que faz a leste com a República Dominicana. A capital é Porto Príncipe.

95% da população é negra, 4,9% mulata e tão somente 0,1%, branca. 80,3% dos haitianos professam a religião católica. Não se negue contudo a forte influência africana com suas práticas religiosas semelhantes a dos denominados cadomblés. Foi o primeiro território americano a ser descoberto por Cristóvão Colombo, cedido à França pela Espanha em 1697. No século XVIII, chegou a ser a mais próspera colônia francesa na América, com a exportação de açúcar, cacau e café. Trata-se da  primeira colônia de maioria negra, mediante revolta de escravos, a conquistar a libertação, em 1794. Mas no mesmo ano, a França dominou a ilha. Um ex escravo Tousasaint Louverture tornou-se Governador Geral em 1801, redigiu uma Constituição para o país em cujo artigo 1º esculpiu o comando: “A escravatura está para sempre abolida, não podem existir escravos sobre este território.” Mas não durou, foi deposto e morto pelos franceses. Em 1803, outro líder, Jacques Dessalines, organiza o exército e derrota os franceses. Declarada a independência, o próprio Dessalines proclamou-se Imperador.

Tamanha coragem valeu ao Haiti 60 anos de bloqueio comercial imposto pelos escravistas europeus e estadunidenses. No governo de Jean Pierre Boyer, cercado pela frota da ex-metrópole, constrangido, assinou tratado pelo desbloqueio, sendo imposto ao país a título de indenização à França, a quantia de 150 milhões de francos, reduzidos para 90 milhões, o que não impediu nada menos que, o exaurimento da economia do país.

Depois do terremoto as Nações se mobilizam e centenas de aviões carregados de alimentos, roupa e água foram mandados para o Haiti, de todas as partes do mundo.

Além do que já foi, o governo brasileiro prometeu doar US$ 15 milhões ao Haiti, 14 toneladas de produtos alimentícios, entre sardinha, leite em pó, açúcar cristal e água.

Releva ser dito que a precariedade do país, máxime pela destruição sofrida, dificulta a chegada das próprias ajudas. Não há estradas, aeroporto destruído, linhas telefônicas interrompidas, ainda é precário o contato pela internet.

Órgãos governamentais e ONGs disponibilizaram contas bancárias para receber doações. O Banco do Brasil abriu uma conta (SOS Haiti - agência 1606-3, c/c 91.000-7) para o recebimento dos recursos que serão administrados diretamente pela Embaixada do Haiti no país.

Entretanto, o Haiti não precisa só de pão e água. Clama por desenvolvimento, clama por ser capaz de superar suas dificuldades e se tornar deveras uma Nação Soberana, mediante a liberdade merecida pelo seu povo, gente como qualquer outra, todos filhos de Deus, igualmente feitos á sua imagem e semelhança. 

Em artigo intitulado: “Lamento junto a Deus pelo Haiti”, desabafa Leonardo Boff: “Em cada haitiano que sofre soterrado ou que morre de sede e de fome, morremos um pouco também todos nós junto com eles. Finalmente somos irmãos e irmãs da única e mesma família humana. Como não sofrer?”

Ante a indigência haitiana o Prof. Ricardo A. S. Setenfus que integrou a missão da ONU/OEA no Haiti em 1993 afirmara: “A idéia de que cada sociedade deva resolver de forma autônoma seus dilemas nacionais – sustentáculo do princípio da não intervenção – é absolutamente inaplicável em certas situações como, por exemplo, no caso haitiano. Jamais este país conheceu ao longo de sua história sequer vestígios de democracia. A vontade da maioria sempre foi esmagada pela força. ... uma cruel realidade. ... Nada é mais desumano que a demonstração de indiferença frente ao sofrimento de outrem.”

Ante o sobredito,  importa que as Nações – seu povo - se predisponham a ajudar o Haiti, de mãos dadas com sua gente, atentas aos seus grandes anseios, até porque o país que não tem nada para dar,  precisa tudo receber. Que se entenda isso. Que o Haiti se inclua nos projetos desenvolvimentistas nacionais.

Nada mais soa atual no momento, que proêmio da Constituição Gaudium et Spes,  (Vaticano II): “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”.

“Eles sofrem, nós sofremos”. “Guiados pelo Espírito Santo.  Eco no coração. A Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história”.

Cada um cumpra seu dever.




terça-feira, 26 de julho de 2011

AMY UINEHOUSE, uma estrela apagou.

            Bela, rica, famosa, chegou ao píncaro da fama. Era feliz?
Quantos milhares de jovens, inclusive no Brasil, terão acorrido e engrossado a multidão desejosa de assistir a um show da pop star. Quantos entre esses terão sentido um certo desejo de ser como ela, ter o que ela tinha, chegar onde ela chegou. E, por que apesar de ter conquistado tudo isso, Amy buscava em outras fontes o que lhe parecia melhor, lhe dava mais prazer, a inebriava... embriagava?
Tinha apenas 27 anos e um longo caminho ainda a ser percorrido, poderia ter encontrado o verdadeiro amor em alguém, constituir uma família, ter filhos... Teria perdido o sentido do que estava por vir?  Perdeu o ânimo de desfrutar das coisas boas que até estavam ao seu alcance?        
Tornou-se vítima de prepotente vício que a rendeu impotente de ressurgir de si mesma. Não viu a beleza que há em tantas partes, em tanta coisa por ai, talvez nunca se tenha apercebido do quanto a vida é bela.
Seu corpo ainda não foi deposto na lápide fria e seus discos são vendidos aos milhares, os que não a querem olvidar jamais presenteiam-na ainda mais uma vez, colocando-a no topo das paradas.
Por quê? Por quê? Podemos continuar a repetir muitos por que e continuaremos humanamente sem resposta, mas existe resposta sim, está contida na expressão de alguém que viveu dissolutamente e conheceu a lama, mas converteu-se e hoje é santo com o nome de Agostinho. Ele disse: o coração do homem permanecerá inquieto enquanto não repousar em Deus.
Podemos conquistar o mundo e de nada nos valerá se não estivermos em Deus. Deus é amor, é verdadeiro freio aos nossos desatinos. Deus nos ama, mesmo que não o amemos, Deus nos segue e espera pacientemente nossa volta, quando dele nos distanciamos.
Uma religião é deveras importante, seja ela qual for, desde que orientada pelos ensinamentos evangélicos e que seus seguidores sigam seus princípios. Nenhuma pessoa é como uma ilha ou pode viver só do que pensa ou diz, os nossos pensamentos devem ser confrontados com os dos outros, deve haver flexibilidade e grande dose de amor a nortear as decisões que tomamos.
Sem Deus, o homem pode ter tudo e não se realizar jamais. Com Deus ele segue sereno e mesmo as pedras do caminho não o impedem de chegar onde pretende e colimar seus ideais.  
Tudo, eu disse tudo, só serve se me serve para servir a Deus, amá-lo sobre todas as coisas e crer como diz o Apóstolo Paulo: que as tristezas e o sofrimento desta vida não guardam a mínima proporção com a glória futura que Deus tem preparada para aqueles que O amam.

25/7/2011 16:34

domingo, 24 de julho de 2011

AVENCAS E EU

Já se tornou pública e notória minha afeição pelas avencas. Aquele verde uniforme e aveludado das folhas é simplesmente lírico e embora diversos os tamanhos, as dimensões entre elas não diferem, não as desigualam.
A contemplação de um vaso com Avencas me enche a alma de sentimentos, sinto tudo, mas não sei, não posso descrever. Avencas me falam e eu lhes respondo e o diálogo se estande pelo tempo da contemplação e perdura, enquanto a memória retém as imagens de cada ângulo onde as possa encontrar.
Pergunto-me de onde vem este deslumbramento de como eu gosto das Avencas!
Malgrado meu, nos vasos que já comprei, em outros que já ganhei elas permanecem vivíssimas por um tempo, cuido com carinho, alegro-me com seu viço, converso com elas e demonstrar-lhes ternura é instintivo, não requer sofisticação. Mas fatalmente, depois de pouco tempo, uma folha seca aqui, outra ali, de repente todas estão murchas, revolvo a terra, águo, mas não tem jeito. Não vingam.
Sinto que não sei como tratá-las adequadamente, quero aprender.
Ao deparar-me com aquela passagem de morada antiga ou de um velho claustro, rodeado de verde, tendo como teto avencas, simplesmente delirei.  
E me quedo ali e me deixo possuir pelo pensamento e tudo o mais em volta deixa de existir, o espaço não comporta ninguém mais: somente minhas avencas e eu, juntas nos agigantamos. Passeio nas asas da saudade e embebedo-me com alguma lágrima furtiva que vem compor minha face. As lembranças afloram, há pouco fui criança de novo e cantei roda em noite de lua cheia: se esta rua, se esta rua fosse minha... para o meu bem passear. Posso ser adolescente e voltar a sonhar, afinal de contas estou sonhando mesmo. Sou adulta, sou eu agora e tenho sensação de que as forças continuam plenas e reproponho-me embrenhar-me pela senda das ações exigentes para que o mundo seja melhor, para que o ambiente tenha amigos e seja amado.
Levanto-me do trono que fiz de uma mureta apenas, encho o peito do ar suave e puro que se respira no lugar, olho as avencas, todas, cada uma, em partes, o todo e me repito, quanto são lindas!
Retomo a caminhada, lentamente, em frente, sempre em frente, não sem daqui e dali tocar com suavidade uma folhinha. Galgado o quase topo, onde só me resta superar uma pequena escada, percebi que um vento mais forte soprou e as avencas  balouçam e como que me aplaudem. Emito um gesto de profunda gratidão e respeito em confronto delas, despeço-me.
Prossigo e ante todo esplendor do vale que a minha frente diviso, caminho pela estradinha estreita e em mim se fortaleceu ainda mais a certeza do quanto A VIDA É BELA.
24/7/2011 11:10

sábado, 23 de julho de 2011

UM CÃO E UM MICO

Em nossa casa, só uma única vez tivemos animal de estimação. E como era de estimação!
Papai, como sempre, só podia ser ele, chegou em casa um dia, trazia um recém nascido cãozinho que encheu-nos de encantos e desde então participou das nossas brincadeiras e fez muitas de nossas alegrias. Brincava conosco, corria atrás de nós seguidamente e não cansávamos. Era branco não completamente, tinha algumas manchas de preto e tinha abundante pelo que lhe dava um belo visual, nós praticamente o amávamos.
Como não lhe demos nenhum nome e desde o início do nosso convívio, o chamávamos simplesmente Cachorrinho, Évila que ainda não falava bem, chamou-o Choinho. Pronto, este passou a ser seu nome próprio. 
Choinho acompanhava nossas andanças. Sempre fiel, atento, amigo. Não era um cão de guarda, era demasiado manso pra que se desse a tal afazer.
Lá pelos dez anos, Choinho ainda brincava, mas seus passos começaram a se tornar mais lentos. Já tinha 12 anos, quando um dia foi descoberto deitado e inerte. Silenciosamente, morrera.
Nosso pranto foi tanto e tanto durou que mamãe decidiu que nunca mais adotaríamos outro animal.
E quase que foi assim, até que um dia, não me lembro quem, presenteou-me com um Sagüi a que chamávamos Mico. Era lindo, comia banana e fazia trejeitos mil, uma diversão. Como eu gostava dele!
Mas eis que D. Terezinha, professora de Rachid, foi nos fazer uma visita. Gostou do Mico e para agradá-la, o presenteei a ela. Mamãe assistiu consternada a doação, prevendo como eu reagiria depois. Não deu outra.
Ao ver o Mico se distanciando no carona da bicicleta, chorei copiosamente. E a pobre da mamãe se pôs a cogitar o que fazer para pedir a D. Terezinha que me restituísse o Mico, esperava contar com a compreensão dela, certamente entenderia meu gesto de criança.
Proposta afinada, mamãe se pôs em ação enquanto eu me sentia aliviada por poder reaver meu bichinho.
E ai? E ai? Na mesma bicicleta D. Terezinha volta a nossa casa para anunciar cheia de compreensão e imenso pesar que quando chegava em casa, um cachorro do seu tio, voara sobre o indefeso Mico, pegou-o, sacudiu-o, estrangulou-o e ...

Entrou pela boca do pinto,
Saiu pela boca do pato,
Quem quiser que conte quatro.



quinta-feira, 21 de julho de 2011

A LIMPEZA NO MINISTÉRIO E O SOFÁ DA SALA

Ainda não se tem o número exato de exonerações no Ministério dos Transportes, mas já se sabe – uma vez que começou pelo próprio Ministro - que serão muitas, apesar de não serem todas as que deveriam ser efetivadas, dado que estará prevalecendo o critério político de limpeza.
Por este critério corta-se apenas o que for inevitável, visível, aparente, mas há que se preservar o apoio na Câmara e no Senado, tendo como premissa que se trata de representantes de um partido político que se envolveram em uma iniciativa dessa natureza, mas que fazem parte da base de apoio político de quem cabe a responsabilidade de conduzir o processo de limpeza política.
Os brasileiros já estão ficando tão acostumados com essas “limpezas políticas” que já não sentem – infelizmente - nestes episódios, um ponto para se preocupar e refletir. Vira o escândalo do dia, mais um entre os muitos do mês, esquecidos depois de um ano.
Esta estória da “limpeza política” do Ministério dos Transportes lembra a estória do marido traído em uma pequena cidade do interior.
Com uma mulher muito bonita e escultural, foi advertido por amigos que sua esposa o estava traindo quando o mesmo não estava em casa. A coisa era tão pública que a traição ocorria no sofá da sala da casa do marido inocente, sem a menor preocupação de fechar as janelas.
O marido ouvia o grupo de amigos que o avisava, mas não acreditava no fato. Tinha plena confiança na mulher e isso bastava para que se mantivesse alheio as falsas denúncias.
Mas tudo tem um limite; pelo menos, o do cansaço. Um dia, na metade da tarde, resolveu dar uma incerta na sua casa e, deste modo, definitivamente, comprovar que aquele mar de denúncias era totalmente sem razão e maldosas.
Ao chegar a casa – sem avisar – ao abrir a porta da sala vê a sua mulher no sofá da sala, em plena relação de amor com um seu aliado político na cidade. Não havia dúvida em relação ao que estava vendo; seu amigo e aliado político o estava traindo junto com a sua zelosa e prendada esposa..
Em poucos segundos viu pela frente anos de respeito e amor supostamente não correspondidos por parte da esposa infiel e do amigo. Raiva de si mesmo, pois havia sido avisado e não acreditou nos efetivos amigos, sendo agora o ridículo da cidade e motivo de zombarias, implícitas e explícitas, pelos moradores da cidade.
O ódio e o sentimento de vieram a sua cabeça e, com muita lucidez e equilíbrio, acabou decidindo que deveria tomar uma decisão que lavasse, na plenitude, a sua honra e que pudesse voltar a ser respeitado na cidade.
Partindo do princípio que a vingança é um prato que se deve comer frio, teve o cuidado de não fazer nada naquele momento, mas sim de tomar a decisão radical no dia seguinte.
No daí seguinte, logo pela manhã, a cidade pode conhecer a decisão radical do homem traído por seu amigo e aliado político. Abriu a porta da casa e – com estardalhaço – jogou o sofá da sala na rua, ou seja, retirou do seu lar a base da infidelidade de sua esposa. Deste modo, sem o sofá, acabava com todo o problema.
Que isso sirva de exemplo para aqueles que ainda acreditam – grupo em extinção - que coisas como esta – quando ocorrem na esfera política – terão soluções radicais e memoráveis, plenamente respaldadas no princípio da ética. Ou seja, sempre haverá um “sofá” a ser tirado da sala.
E há ainda quem defenda a tese do sigilo em relação aos custos das obras da Copa; será – tudo é possível – que estas pessoas ainda vão manter suas posições? Quem viver verá.

       Roosevelt S. Fernandes, enamorado conhecedor do que diz
respeito ao meio ambiente e  sua proteção.
Excelente palestrante.

terça-feira, 19 de julho de 2011

GRATIDÃO


Que poderei retribuir ao Senhor por tudo aquilo que me tem dado?

Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor!

Salmo 116

sábado, 16 de julho de 2011

QUERER É PODER

        Além daquelas ameaças que sempre rondaram nossas vidas, hoje se acresce uma incerteza: a de saber, se quando saímos de casa iremos voltar.
Todos os dias jornais e TV nos proporcionam avalanches de notícias tristes. Enchentes, deslizamento de barreiras aqui, vendavais ali, terremoto acolá e como se não bastasse humanos se voltam contra seus semelhantes, fazem reféns, colocam sob mira de revólveres, assaltam, matam.
Foi um entre tantos, o caso daquela moça que passava casualmente pela calçada de um estabelecimento comercial que acabara de ser assaltado.
O bandido, tem-se que usar este termo, o bandido em fuga rouba-lhe o celular, prossegue correndo, não sem voltar-se para trás, disparar contra ela e a pobrezinha morre ali mesmo, na hora, antes que tenha tido tempo de refazer-se do trauma sofrido. É mais uma vítima indefesa a perder a vida.
        Não foi a primeira, não será a última, malgrado nosso.
        A tudo assistimos atônitos, sentindo-nos impotentes.  É verdade que não nos falta consciência de que importa proceder a uma mudança real de paradigmas; importa crer que somos todos responsáveis e como tal devemos procurar saber o que é que devíamos fazer e não estamos fazendo, como devemos agir e não estamos agindo, nos omitimos.
        A maioria de nós está inerte, a maioria aboletou-se no banquinho de sua comodidade e não assumimos nosso lugar no grande espetáculo da vida, não desempenhamos nosso papel na luta em que tantos pessoas cotidianamente se cansam e se consomem buscando transformar as situações de injustiça que existem, procurando despertar nossos governantes que dormem, enfim tudo fazendo até porque, como está todos acabam perdendo.
Há crianças vindo ao mundo de forma irresponsável, seus direitos, apesar do slogan “criança prioridade absoluta”, não são respeitados. Suas mães não teem como proporcinar-lhes um ambiente sadio onde se desenvolverem, alimento suficiente, as vezes ainda que o mínimo do mínimo indispensável.
Comem mal, vestem-se mal, não estudam porque acabam desestimuladas e abandonam a escola, trocam a casa pela rua, mas há sempre uma forma que acaba por lhes permitir saber que existe um mundo mais atraente do que aquele em que vivem.. Descobrem também que é com dinheiro que se compra “tudo”.
E porque são frágeis, acabam por se tornar presas fáceis dos chefões de poderosas quadrilhas e ainda adolescentes enveredam pelos caminhos pedregosos do tráfico, do assalto à mão armada, dos homicídios, etc, etc. Muitos morrem antes  da vida amanhecer.
Viver sob o temor do que nos pode acontecer de um momento para o outro, pois ninguém está livre, é certo não é a solução.
Existem muitas pessoas vigorosas e capazes que sob  o pretexto de se terem aposentado,  entregam-se a dolce far niente, mesmo sendo capazes de contribuir para que as coisas mudem.
Conclama-se todos a arregaçarem as mangas. É preciso querer e querer é poder.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Velho...


De tão vergados
seus ombros,
o corpo
não se rege mais.

Os passos se tornaram
incertos...
E a vida lhe pesa
ainda mais.

Caminha,
como quem ainda
tem para onde ir.

Mas não vai tão longe,
a passada larga
estreita agora se refaz.

Não se rege,
            já não lhe pedem opinião,                 
seus conceitos
não importam mais não.

Suas idéias geniais?
de luz,
de grandeza,
de certezas,
a quem importa mais?

Ah! o tempo,,,
que murcha os lábios...
enruga a face...
e os cabelos prateiam...

Que estranho fator
é envelhecer!

As experiências,
a sabedoria,
a ciência,
que valeram tanto
e por tanto tempo
são patrimônios,
históricos sim,
nada mais!


sexta-feira, 1 de julho de 2011

UNIÃO ESTÁVEL

Apesar da clareza com que penso que escrevi os diversos artigos já publicados sobre união estável, não me cessam de chegar e-mails de pessoas que os leem, mas continuam com interrogações. Certamente, por detalhes particulares que guardam particular aspecto com a própria situação em que se encontram e que muitas vezes afligem.   

Isto só consagra a certeza de que em se tratando de gente, mesmo que as aparências possam levar a crer que esse e aqule são o mesmo caso, pode não ser, ou não é. Gente é assim, cada pessoa é indivíduo.
Voltemos a considerar o que diz a Constiuição e a Lei. A primeira diz que: - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (§ 3º). Proteção do Estado quer dizer se aplica a união estável e lhe são estendidos direitos e obrigações inerentes à sociedade conjugal com faculdade do respectivo exercício igualmente pelo homem e pela mulher.(§ 5º). Ambos segundo o art  art. 226 que prevê: a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (O Supremo Tribunal Federal passou borracha nas palavras homem e mulher).
A união estável se dá entre um homem e uma mulher, portanto é uma sociedade hetero sexual,  é entidade familiar, está sob a proteção do Estado e deve ser facilitada sua conversão em casamento, é evidente que implica em os conviventes poderem-se casar.
A viúva e o viúvo que contrairem novas núpcias não perdem eventual pensão que recebam uma vez que esta,  uma vez obtida, se integra como valor indispensável  à sua sobrevivência. E mesmo que o outro tenha posses bastante, o direito não é retirado, é também patrimômino que o(a) beneficiado(a) levará, até como forma asseguratória às vezes somente como uma certa independência financeira, sempre tão útil em qualquer fase da vida.
Conviventes que depois de anos decidem casar, apenas transformam em de direito uma circunstância em verdade, apenas de fato. “Os anos de casa” que antecedem as núpcias não se apagam como se o casamento acrescentasse obrigações ou espurgasse um passado.
Por analogia, pode ser dito que o regime de comunhão de bens, anterior à lei é o universal, ao passo que depois dela, certamente, importa em ser interpretado como parcial, isto é, no caso de separação só será partilhado o que tiver sido adquirido pelo esforço comum dos dois. A herança que se constitui em expectativa de direito, se reserva igualmente, exclusivamente a quem for herdeiro(a).
Em todos os casos de litígio ou resolução não pacífica de partilha é necessário aferir pormenorizadamente as diversas circunstâncias. União estável como já foi dito é como no casamento, comunhão que se dá desde o afeto aos bens materiais, pelo que, quem se tiver acomodado deixando o peso do provimento da família somente a cargo de uma das partes não poderá arguir direitos.
Ma é lógico que a faina doméstica continuará representando concurso para os fins familiares.