sábado, 1 de janeiro de 2011

FELIZ ANO NOVO

            Estou aqui pensando, porque fazemos tanta festa com a chegada de um novo ano. Qual é de fato determinante ou  a motivação que se tem.
            O encerramento com celebração de Santa Missa ou Culto para louvar a Deus, que é o Senhor, para agradecer as graças recebidas é no mínimo ser educado, agir com ética e reconhecer que tudo que recebemos vem Dele. O ano transcorrido é situação já vivenciada, trata-se assim, de não poder deixar de admitir o inegável, testemunhamos e/ou protagonizamos.
            Mas fazer tanta festa com a chegada de um Ano Novo, verdadeira incógnita do que virá a ser, por que festejar?
            Posso analisar os acontecimentos, ante milhares de pessoas que acorrem às praias. É de se questionar se seria para ombrear-se ao irmão Mar que com sua grandeza, ainda que inconscientemente, nos proporciona complementação do que psicologicamente nos possa faltar?
            A maioria se veste de branco. Ritual ou crença de que a cor da roupa possa influenciar o curso dos acontecimentos pelos quais passaremos ou circunstâncias que vivenciaremos. Alguns já terão ido à Igreja do credo que professam e ali, na praia,  quem sabe estejam prestes a fazer uma segunda oferenda.
            Despojam-se dos calçados, a maioria simples sandálias. Caminhar na areia pode representar, conforme o ponto, em alguma dificuldade. Podem ter flores nas mãos, muitas já bailam ao sabor das ondas que pode levá-las mar adentro, ou deixar na areia, ou pela projeção avançada da onda, ou pela falta de força com que a mesma onda, volta a integrar o volume intenso das águas oceânicas.
            Grande parte, meros curiosos, se detém no calçadão contemplando embevecida o entusiasmo dos que caminham pra lá e prá cá. Além é claro, daqueles que se postam nos umbrais de suas janelas ou nas varandas envidraçadas dos apartamentos de luxo, ao longo da orla.
            Em determinado ponto, é o frenesi que impera. Em imensos palcos exibem-se intérpretes musicais, os que tocam, os que cantam. Conforme os acordes da melodia que determinam ser projetada no ar, embalsamam a massa, a enlevam, transportam ao infinito, identificam-na com as próprias almas e lhe proporcionam intimidade com as essências das quais se forma ou lhe provocam gestos e expressões enlouquecidas em que predomina o vale tudo, onde a concentração se desfaz e o que importa é delirar.
            E ali, de pé, passam horas a fio aos gritos de saudação idólatra, festejando o que não sabem nem menos o quê. Não se cansam, não veem o tempo passar e permaneceriam ainda mais tempo se as cortinas dos palcos não se fechassem ocultando inclusive, o lucro proporcionado pelo real de tantos – num gesto inverso ao da viúva que despojou-se da única moeda que tinha – que constituiu mais uma vez a riqueza de alguns poucos.
            E autorizo-me a dizer que o paganismo ainda está por ai.
            Feliz Ano Novo foi assim que precedentemente as saudações foram feitas. E ao dizer Feliz Ano Novo cada lábio estava cheio de amor, fora feito intérprete de augúrio profundo e sincero do que se deseja para o próximo, ou seja, que se dê bem, que quem não tem, encontre trabalho, que haja pão em cada mesa e que se tenha onde colocar a mesa ou seja uma casa, mesmo que simples, que as pessoas se respeitem, que, em síntese: viva-se em Paz.
            E 1º de janeiro não é o Dia Internacional da Paz? Pois bem!
            Depois do sobredito, só posso concluir que é preciso reinventar as comemorações da forma com que as fazemos. É preciso colocar cada coisa em seu lugar. Nós mesmos no nosso lugar. Onde colocaremos Deus?
            Na liturgia da Missa de ontem, 31 de dezembro, o Evangelho segundo João voltou a lembrar: No princípio era o Verbo, o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus ...     Encerro, não por já ter dito tudo. Prefiro não apresentar formas, cada um tem a sua, mas com a mesma alma que descrevi o momento em que dizemos Feliz Ano Novo, desejo que de nós não se diga que Ele veio para os que eram seus e os seus não o receberam.
Marlusse Pestana Daher
1º de janeiro de 2011 – 9 h 26 m