quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SENSAÇÃO DE NÃO SER AMADO

Em um livro sobre a Beata Teresa de Calcutá li que na oportunidade em que recebia um dos tantos prêmios com que foi agraciada em sua vida, (poucas vezes se soube de alguém que sem buscar nenhuma glória, recebeu tanta) teria dito: em todo esse tempo que trabalho com os mais pobres tenho entendido sempre mais que o pior dos males não é a lepra, nem a tuberculose, mas a sensação de não ser querido, de não ser amado.
Hoje, ela acrescentaria aids e drogas. Sabe-se da mais radical opção preferencial pelos pobres da parte dessa mulher. Foi na vivência do dia a dia ao procurar pelas vielas da Índia pobre, doentes, desabrigados, recolhê-los com amor, e dispensar-lhes cuidados dos quais só com a força do amor se é capaz, que  ela se credenciou a fazer tal afirmação.
Pensamos que podemos tudo, julgamos que com nossas próprias forças, com nosso poder de qualquer tipo, satisfazemos nossas necessidades, mas é impossível negar que, quando somos objeto de cuidado, portanto de amor, da parte de alguém, nos derretemos, entra-se em verdadeiro estado de graça e paz. O amor tem essa capacidade, o amor transforma, o amor é tudo.
Nessa manhã, o noticiário falava daquela doença que leva as pessoas, em geral adolescentes, a se mutilarem, produzirem cortes no próprio corpo, fazem-no, na busca de uma dor, forma de sufocar uma outra, que sentem e as atormentam. Dir-se-ia: incrível! mas vimos as cicatrizes em braços pernas, outras partes do corpo pelo que não se pode não acreditar.
Estudos levados a efeito, detectaram causas como violência sexual subida e sufocada, ou mesmo se denunciada, não o suficiente para aplacar o trauma causado. Desprezo dos semelhantes e congêneres, tudo se podendo sintetizar na mesma frase: sensação de não ser amado.
O amor é o mais perfeito dos sentimentos, o amor é antídoto da tristeza, o amor é pedestal da realização, o amor é bálsamo que perfuma e alimenta a vida; o amor é tudo que de melhor existe, só o amor tudo pode, tudo suporta, tudo vê.
Malgrado nosso, imprimimos em nossas vidas ritmo que nos absorve com muitas coisas, cansamo-nos correndo até sem necessidade e nessa condição só nos resta entregar-nos ao sono reparador, pelo que o amor fica sem vez, não se tem tempo de amar.
E o amor que não ama fica estéril, perde força, dissolve-se. Importa darmos vez ao amor em nossa vida. Amar se aprende amando, nem carece de grandes proezas, amar é dar bom dia, boa tarde, boa noite, amar é segurar a porta do elevador para alguém que surge ali e tem necessidade, amar é deixar passar alguém que dentro de um carro fica esperando a vez; amar é sorrir; amar é toda pequena coisa que se possa fazer, mesmo que pareça sem nenhuma importância.
Numa outra dimensão é repartir o pão, vestir o nu, distribuir bens com quem não tem.
Amar é imitar a Serva do Senhor, amar é seguir Jesus.
Enquanto de maiores proezas não formos capazes, amemos nas formas singelas, principalmente, tenhamos sempre os olhos muito abertos para as necessidades dos que estão por perto, vigiando o humor que apresentam, atentando para as oscilações do brilho do seu olhar, para não lhe faltarmos com um gesto concreto de amor e tanto quanto for possível proporcional a necessidade que expressa.