domingo, 4 de dezembro de 2011

VIVER E VIDAS

Um cotidiano denuncia a falta de pagamento do bônus assegurado a alunos que concluem a 4ª ou a 8ª série do curso fundamental, cerca de quatrocentos reais. Diante da página, entretanto, o que mais me despertou atenção foi a foto que a ilustra: cinco mães de tais alunos, braços cruzados - conforme instruídas pelo fotógrafo, certamente, - mesma busca, mas que diferença pode ser identificada no olhar de cada uma.
Deixei-me longamente observar aquelas expressões. A primeira olha simplesmente, momentaneamente desviada do seu foco; a segunda demonstra no olhar atitude de quem repreende; a terceira, quase sorri, quase, mas nada indiferente; a quarta traduz um como é que pode tamanha indiferença (lógico diante da situação), a expressão da quinta, em parte como da terceira, exprime um contido: tudo isso não passa de uma grande sacanagem. Das cinco, duas se preveniam contra frio, outras duas revelam não estar nem ai, a última, um tanto faz, ou linha do meio.
Somos todos iguais, mesma origem, mesmas circunstâncias a amealhar-nos as vidas, mesmo destino final. Mas ninguém é igual e reage conforme a percepção que tem do que sente, da forma como sente, cada um tem seu mapa, isto é, sua maneira de interpretar o que vê e assim, construímos mediante nossas individualidades o mosaico fantástico que povoa a terra e chamamos de humanidade.
Apesar de todas as denominações já dadas à vida, apesar dos tantos conceitos com que já a definimos, entre os quais, de que é bonita, é bonita e é bonita! pelo que: não se tenha vergonha de ser feliz, a vida é também um mistério a ser desvendado.
Deveria ser fácil viver, primeiro, porque aqueles de quem se fala são viventes já redimidos por um Deus redentor, depois, porque como ninguém discorda, o sol nasceu para todos.
Mas não é bem assim e do nascer ao ir vivendo, cada um passa do santo ao malabarista, pelo artista, do inventor ao estrategista, ao driblador, ao fazer-se rio desviando-se de obstáculos para chegar ao destino final, cada um como pode, administrando o que acontece, ou como náufrago, o certo é que: todos acabamos por chegar lá.
É só, só quis falar de mais uma das impressões que me assaltam enquanto leio a vida, aliás, minha leitura preferida.
Somos tantos, muitos, iguais, ao mesmo tempo tão diferentes, uma única vontade fundamental viver intensamente, os meios acontecem, o como do modo que se faz, aqui e agora.
Não edito a foto em respeito aos direitos autorais.

Grande abraço a todos os que me agraciam incluido-se como seguidores do meu blog e para os leitores franceses que acabo de identificar.

Aceitem tão belas orquídeas,
fruto do amor de
 Maria Lucia Grossi Zunti,
querida amiga linharense.