sábado, 15 de setembro de 2012

ELE E ELA


LENDO A VIDA. É tarde, supus que faz parte da rotina deles,  enquanto o sol se põe, fazer um a caminhada à margem do Prata.  Atravessam rapidamente a grande avenida, aproveitando a parada dos carros ordenada pelo farol. No calçadão, a caminhada se inicia em bom e bem cadenciado passo,  mas não sem antes, ela ter o cuidado de dar o braço a ele e lá se foram até que se esgotou minha contemplação.

Montevidéu, 31 de agosto de 2012 – por volta das 17.

 

ELE E ELA

No princípio era ele

quem  dava o braço a ela.

Se estavam de mãos dadas,

quase um passo a frente,

Era ele quem a guiava.

 

Foi ele quem determinou

onde a família foi morar

de onde seria natural a prole

de quase tudo cuidava.

 

Depois, um a um os filhos

tomavam seus destinos

e se repetia com pequenas mudanças

a velha história.

 

Hoje, ambos têm

Significativamente, diminuídas as forças.

Ele está menos vigoroso,

diversamente, não se dirá dela.

 

Mas é ela que como se o tempo não tivesse passado,

mãos ao leme, conduz o barco.

Gerencia a casa, as contas, os negócios,

as próprias vidas dos dois.

 

Finalmente, e ainda,

contrariamente, a como era no princípio,

quando caminham,

quem dá o braço a ele é ela.