quarta-feira, 7 de novembro de 2012

POR DETRÁS DE UMA VIDRAÇA

Beatriz Monjardim


O tempo escôa tão lento,
Quando a vida perde a graça!
Põe em tudo um desalento...
Vai se arrrastando... não passa!

É um viver impreciso;
Um canto sem melodia...
Como crinça sem riso,
Sem sonhos, sem fantasia.

No meu jardim vejo flores
De um colorido embaçado;
São como velhos amores,
No meu peito ainda guardados.

Ainda vejo da janela,
O azul do céu e do mar;
__Paisagem numa tela...
Já não me fazem sonhar!

O mundo, é lindo lá fóra!
Mas tudo perdeu a graça...
A vida, eu a vejo agora,
Por detrás de uma vidraça!


 O texto que segue foi mandado também por Beatriz.


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A Saudade fala Português

Eu tenho saudades

de tudo que marcou a minha vida.

Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,

quando escuto uma voz,

quando me lembro do passado,

eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,       
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,

do meu primeiro amor,

do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e

daqueles que ainda vou vir a ter,

se Deus quiser...

Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...

Sinto saudades de quem me deixou

e de quem eu deixei,

de quem disse que viria e nem apareceu;

Sinto saudades do futuro,

que se idealizado,

provavelmente não será do jeito

que eu penso que vai ser...

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito; daqueles que não tiveram como me dizer adeus;

de gente que passou

na calçada contrária da minha vida e

que só enxerguei de vislumbre;

de coisas que eu tive e de outras que não tive mas quis muito ter; de coisas que nem sei se existiram

Mas que se soubesse, decerto

gostaria de experimentar;

Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho

que eu tive um dia e que me amava fielmente,

como só os cães são capazes de fazer,

Dos livros que li e que me fizeram viajar,

dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade

Quantas vezes tenho vontade de                                           encontrar não sei o que, não sei aonde,                                       para resgatar alguma coisa                                                                             que nem sei o que é, e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso

que poderia estar sentindo saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês,

mas que minha saudade, por eu ter nascido brasileiro, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente, quando estamos desesperados,

para contar dinheiro,

fazer amor e declarar sentimentos fortes,

seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples "I miss you",

ou seja lá como possamos traduzir saudade

em outra língua, nunca terá a mesma força

e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima, corretamente,

a imensa falta que sentimos de coisas

ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...

Porque encontrei uma palavra para usar

todas as vezes em que sinto este aperto no

peito, meio nostálgico, meio gostoso,

mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca de que somos

sensíveis, de que amamos muito

o que tivemos

elamentamosascoisasboas  que perdemos                                                       ao longo da nossa existência...   
                                                                
Sentir saudade é sinal de que se está vivo...

Antônio Carlos Affonso