segunda-feira, 24 de junho de 2013

AS DISTANTES ESTRELAS DE ÓRION

Beatriz Abaurre

Estou nua.

Não sinto o peso do meu corpo, frouxo e lasso, mas ao mesmo tempo, sensível e assustadoramente atento.

As pálpebras estão fechadas; não contraídas, mas apenas suavemente cerradas. Apesar disso, pressinto o abissal escuro que me rodeia. Apenas uma difusa claridade, muito branda, parece pairar de uma altura inimaginável. A consciência, extremamente lúcida, aguça ainda mais todos os sentidos, a cada fração de segundo.

E preciso situar-me com urgência. Sei, do fundo de minhas entranhas, que disso depende minha sobrevivência.

Muito lentamente, movo a cabeça. Meus cabelos, longos e finos, reagem com uma ausência de pressa, que me causa estranheza e inquietude. Sem descerrar as pálpebras, procuro determinar o motivo dessa reação retardada.

Não ouso mover-me sem antes me situar nesse ambiente esdrúxulo e surreal. Mesmo porque não devo permitir que o pânico se apodere de mim.

Atenta, procuro ouvir. Ao longe, ouço um rumor, como o de uma brisa, que perpassa por folhas secas; porém, não roça a nudez de minhas faces, meus seios, meu ventre, minhas coxas. Apelo então, para o odor. Não há cheiro algum no ar, inteiramente parado. Permaneço com os olhos fechados; recuso-me, terminantemente, a abri-los.

Movo novamente a cabeça, desta vez mais lentamente. Os cabelos embaraçam-se sem pressa algumas mechas enleiam-se em meu pescoço e cobrem parte de meus seios.

Flutuo!

O coração se agita um pouco mais. Estou nua e me mantenho na superfície de um líquido mais denso que a água e morno, agradável, inodoro e, de certa forma, acolhedor. Não devo, portanto, dobrar meu corpo, ou afundarei, mesmo que lentamente, sem saber o que me aguarda no fundo.

Suspiro, um pouco aliviada. Lembro-me afinal, de que a água é um elemento que domino plenamente e com o qual convivo com cumplicidade e sem temores.

Ouso então abrir e fechar a mão direita, que flutua, inerte. Uma substância viscosa escorre, devagar, entre os dedos entreabertos, deslizando, lasciva e sem nenhuma impureza que se pudesse perceber.

Dobro um joelho: a perna afunda, encontrando a mesma densa resistência — o estranho líquido como que cede, permissivo, acolhendo o pé e a perna, sem que nenhum obstáculo se interpusesse nesse movimento.

Forço a cintura para baixo e tenho a sensação de cumplicidade, ao mergulhar o quadril, cuidadosamente, na mornidão escura e desconhecida, que me recebe, plácida e conivente. Sei que, se mantiver o corpo nessa posição por mais tempo, ele afundará; lentamente talvez, mas de maneira inexorável, me levando para as ignotas profundezas. Volto a estender todo o corpo, mantendo-o na superfície. Preciso de algum tempo para tomar a próxima decisão.

Percebo que a pressa, ou qualquer movimento brusco, será inútil. Sou obrigada a ajustar-me ao ritmo aquoso e lerdo, que me sustenta e aprisiona, e que parece impor sua inquestionável vontade.

Mantenho-me imóvel, obedecendo ao mais primitivo instinto: o da sobrevivência.

Preciso pensar com cuidado e rapidez, pois o perigo parece apenas aguardar um mínimo descuido para dominar inteiramente a situação. Nada me favorece: não sei onde estou, como cheguei aqui, nem o que pretendem de mim.

Racionalizar. Medir cada impulso. Algo me alerta para o tipo de líquido que mantém meus músculos flácidos, como se ignorassem as ordens determinadas pelo meu cérebro, que se mantém íntegro e, agora, em estado de extremo pânico.

Volto minha atenção para a temperatura externa. Por lógica, a parte do meu corpo que flutua, liberta, deveria estar mais fria do que a que se encontra imersa na tepidez densa da viscosidade desconhecida, e que me enoja e atordoa.

Por um breve instante, sinto-me mais do que flutuando; tenho a nítida sensação de estar aprisionada, à mercê de algo estranho e misterioso. Afasto rápido este pensamento. Não devo me apavorar, nem perder o controle dessa situação insólita.

Levo minha mão direita à boca e, meio nauseada, deixo aquela substância visguenta escorrer sobre minha língua — ela penetra devagar, muito lentamente, através dos lábios descontraídos, e escorrem, puro deleite, encobrindo minha língua e infiltrando-se, Sem nenhuma urgência, por entre os dentes. Parece ganhar vida, inchar e preencher toda a cavidade da boca. Tranco a garganta e deixo que as sobras escorram, abundantes, pelas faces e pelo queixo. Mais um pouco e não conseguiria deixar de engolir aquela gosma de origem desconhecida. Entretanto, ela permanece como que moldada entre a língua e o céu da boca. Experimento seu sabor: é imprescindível que isto seja feito. Apesar de deliciosa, não devo, não ouso enfrenta, algo tão incrivelmente desconhecido. Tem um sabor acre, levemente salgado, porém agradável e apelativo. Em outras circunstâncias, talvez até me dispusesse a saboreá-la, mas todos os meus instintos insistem em rejeitá-la, apesar de eu querer mantê-la um pouco mais dentro da boca, como se seu sabor indistinto, instigasse meu interesse em descobriu sua essência e origem.

Tento desesperadamente cuspir, mas, como se tivesse vontade própria, a substância torna-se mais e mais espessa, e seu gosto se modifica, tornando-se mais apelativa ainda. Agora adocicada, acabo por relaxar os músculos da garganta e, curvando-me a essa vontade que se impõe, cada vez mais obstinada, engulo toda a massa aprisionada, que está prestes a me sufocar, sem qualquer complacência. Percebo que só assim me livrarei dessa estranha gosma incômoda e persistente.

Cadencio minha respiração, buscando encontrar novamente meu equilíbrio interior. Volto à posição inicial, flutuando sem nenhum esforço, e assim permaneço por muito tempo. Ao meu redor, o líquido permanece expectante, como que espreitando, em sua quietude morna, meu próximo movimento.

O tempo parece haver parado também, observador passivo de tão estranho mistério.

Por fim, abro novamente os olhos. Distante, a tenda azul, muito escuro do céu noturno parece descansar, distendida e plácida. Nenhuma lua, nenhum fiapo de nuvem, apenas uma névoa prateada, luminescente, clareando aquele profundo buraco, escavado em algum lugar desconhecido de todo o resto do mundo.

Paredes de pedras brutas sobem, íngremes, traiçoeiras e abruptas, por metros e metros de altura. Olho para os lados, para trás, para a direção de meus pés, com movimentos o mais imperceptíveis possível.

Um arrepio de horror, transpassa, de repente, meu corpo já em lento processo de esgotamento.

Concluo, finalmente, estar em alguma espécie de poço, escavado muitos quilômetros abaixo da superfície, prisioneira de uma viscosidade untuosa, e à mercê do equilíbrio, que pressinto selvagem, de forças desconhecidas e cruéis, amalgamada a essa substância visguenta, e rodeada de maus presságios.

A bruma prateada que encobre o imenso vão pedregoso paira como urna neblina estática, em sua opalescência cúmplice e expectante.

O terror percorre, uma vez mais, cada nervo de meu corpo. Nadar ou mover-me lentamente, para chegar a que margem? Até onde minha vista alcança, apenas pedras pontiagudas e cortantes limitam o imenso círculo do poço. Um grito congelou-se na garganta contraída.

Como vim parar aqui?

Fecho os olhos por instantes que me parecem infindáveis. Inútil buscar uma explicação lógica e plausível para tão horripilante situação. Sinto-me como que plasmada em alguma espécie de visgo, que me mantém prisioneira, exatamente no centro desse fosso abissal.

O pânico me tolda a mente. Estou enganada: não sou prisioneira; estou liberta, não há cordas, correntes, nós, lastros ou grilhões. Simplesmente, meio que flutuo, nua e indefesa, porém dona de meu próprio corpo — a mente alerta, os sentidos tensos, o terminais nervosos supersensíveis, à espera de um mínimo movimento, de uma ínfima vibração. Nada parece ter vida. Porém, pressinto claramente a expectativa pesada, quase obsedante, que me envolve.

Novamente abro os olhos. A mesma terrível neblina, tênue e absolutamente imóvel, recobre toda a extensão do buraco de pedras brutas e toscas. Lá em cima, muito acima, um círculo de luz indica a superfície, para mim inatingível, onde o luar deveria iluminar, neste exato momento, uma paisagem que me esforço em imaginar relvosa, branda, acariciada pela brisa noturna e fresca. Lugar inatingível, remoto, absurdamente longínquo.

O silêncio é aterrador; lembro-me então de que meus ouvidos estão submersos nessa matéria gelatinosa de origem obscura e traiçoeira. Levanto a cabeça e balanço-a devagar. Como desde o princípio, o movimento é lento, e sinto o peso do cabelo resistindo ao meu impulso. Se esperam de mim uma iniciativa, que seja. Resolvo mergulhar. Preciso, a qualquer preço, descobrir o que me trouxe aqui, e porque não consigo me libertar desse horripilante pesadelo, que me exaure as forças rapidamente.

Sinto que, se me deixar dominar pelo pânico, estarei irremediavelmente perdida. Sei também que são mínimas as chances de me livrar desse fosso inimaginável, verdadeira armadilha mortal.

Não muito facilmente, viro-me de bruços e, incrivelmente, nada reage à minha mudança de posição. Encho de ar os pulmões e, antes que o terror se apodere totalmente de mim, curvo o corpo, dobro ligeiramente a cabeça, estico os braços à minha frente, e inicio o mergulho rumo ao desconhecido. Vou rompendo a escuridão em ritmo lento, não obstante o esforço para ganhar profundidade, observar o que habita aquele fosso aparentemente infindo e retornar, a tempo de respirar, reiniciando novo mergulho, ou desistir definitivamente, dependendo do que me aguarde nas profundezas daquele pesadelo líquido.

Afundo, conforme me permitem — sinto que toda a atmosfera está atenta e em extrema expectativa. À medida que desço, tenho a sensação estranha e inexplicável de me acomodar, de me sujeitar às regras que me são impostas, sem saber por que, nem por quem. Incrivelmente, não sinto necessidade de respirar, nem cansaço algum incomoda qualquer músculo do meu corpo em movimento constante e compassado.

Mantenho meus olhos abertos. Alcanço agora uma água surpreendentemente límpida. Percebo as pedras roliças, e não mais pontiagudas, que recobrem as paredes do poço. Parece partir delas a claridade pálida e fantasmagórica que agora ilumina o líquido que me envolve com a mesma tepidez; alguns organismos vivos parecem se mover, entrando e saindo lentamente dos espaços entre elas. Flutuam também outros seres, que lembram estranhos sargaços marinhos e algumas florescências exóticas. Incríveis anêmonas pairam displicentes, mas como que curiosas, em sua aparente indiferença.

Já não me assusto mais com o fenômeno incrível da ausência total de oxigênio. Movo-me mais à vontade, sempre lentamente, mas já sem sustos e sem aquele peso incomodo e desconfortável.

Uma luz esverdeada, começa a surgir de um musgo luminescente; parece ser o chão daquele não mais infindo poço. Mantenho-me imóvel, e observo, numa espécie de transe hipnótico, que sou comandada por aquela substância nova e de cor tão estranhamente esverdeada.

Sei que estou sendo puxada inexoravelmente para aquela espécie de leito musgoso, macio e apelativo. Alguma força desconhecida move meu corpo, e vou me deixando escorregar, até repousar, totalmente relaxada, naquele leito prazeroso e acolhedor. Assumo, instintivamente, a posição fetal. enlaço com os braços meus joelhos, e descanso minha cabeça em algo muito macio e suave.

Sinto que o sono e um cansaço incontroláveis envolvem inteiramente o meu corpo. Tento reagir contra essa mornidão, esse torpor sonâmbulo e protetor. Percebo, e não reajo a isso, que tentáculos macios enlaçam meus membros, com cuidado e até ternura. Deixo-me desenrolar, como uma folha nova que se abre por inteiro. Agora totalmente estirada, penso nas larvas graúdas e nas longas e maleáveis enguias que observei em determinado estágio de minha descida — seriam elas que se enroscavam tão gentilmente em meu corpo totalmente permissivo? Foi apenas um pensamento fugaz, que não se fixou em lugar algum da minha mente.

Minhas costas, nádegas e coxas aprisionam-se no musgo luminoso. Percebo meus cabelos flutuarem, como finos liquens, dançando em tomo de meu rosto, agora calmo e plácido.

Afundam-me mais um pouco, naquele leito complacente, e toco finalmente algo consistente e absurdamente reconhecível. Por instantes, num esforço irracional, tento relembrar a forma que me acolhe com a meiguice que inconscientemente recordo, numa emoção quase extasiante.

Sorrio. Viro meu corpo, para ser enlaçada por seus braços e suas pernas musculosas e longas. Sou recebida num abraço em que o desejo, a ânsia, a paixão, proibidos há tanto tempo, revivem com vigor, e me envolvem, quase me sufocando.

Foi uma longa espera. jamais esperei reviver sensações já há tanto sublimadas e aparentemente aprisionadas, esquecidas no lugar mais recôndito de meu ser.

As gordas larvas melífluas e as longas enguias serpenteantes nem sequer me assustam, ao invadirem meu corpo — que já não reage — enroscando-se, cruéis, em dolorosos e indissolúveis nós e laços, que, parece, nos manterão assim, entrelaçados, fundidos, para sempre plasmados, imóveis no limo esverdescente, não mais daquele poço aterrorizante, mas sim de um sepulcro, onde nossos corpos saberão para sempre encontrar a paz, por tanto tempo perseguida e só agora reencontrada.

Imóveis, bocas unidas, pele dissolvendo-se em pele, sinto, em pleno êxtase, algo rijo, volumoso, obstinado, túrgido e insistente, penetrando fundo, cada vez mais fundo, levando junto, para o mais íntimo de minhas entranhas, as enguias e larvas, ansiosas, famintas, aflitas, buscando, em desespero, o mesmo derradeiro, cruel e definitivo gozo.

Nossos corpos, unidos, alcançam juntos o orgasmos que sempre queríamos mais longo, mais profundo, e muito, muito mais extasiante. Um longo tremor, percorre nossos nervos, nossos terminais sensitivos, fazendo fremir cada célula de nossa carne faminta e insaciável.

Dentro de mim, sinto o jorro abundante, prolongado, como que incessante, do sêmen sempre ansiado e jamais saciado. Tem a duração de toda uma eternidade. Aos poucos, são desfeitos os nós de pernas e braços; enguias e larvas se desenrolam. Com um último resquício de esforço, afasto minha boca da sua. Olho seus olhos, verdes e líquidos, como os liquens fluorescentes. Vejo neles desejo, paixão, loucura. Mas nunca saciedade. Sorrio, enlevada.

Sobre o seu corpo estirado, totalmente prostrado, percebo o louro, também estranhamente esverdeado, de seus cabelos, os leves cachos emoldurando o rosto belo e másculo.

Escorrego, agora sem nenhuma ajuda, meu corpo exangue, para o lado do seu. Sempre fora assim. Seu braço direito enlaçando-me um ombro, a carne ainda trêmula de desejo. Porém, desta vez, permanece estranhamente imóvel, como que em profundo torpor. Olho uma vez mais para ele. Nenhuma reação. Só o sorriso permanece imutável. Descanso minha cabeça, também exausta, encaixada na carne macia entre seu ombro e a clavícula, que parece terem sido moldados com a única finalidade de acolhê-la nesse último repouso.

Nossos ombros, quadris e coxas se tocam; nossas mãos, cujos dedos se entrelaçam suavemente, estão pousadas sobre os macios e verdes liquens dos pêlos de nossas coxas enfraquecidas.

Observo em torno. Meus cabelos repousam, também pacificados, em meu ventre saciado. Um líquido vermelho, muito rubro, escorre e começa rapidamente a encobrir nossos corpos nus, misturando-se ao verde luminoso que nos banha com placidez, criando um halo róseo à nossa volta.

Pressinto o fim. Sei muito bem de onde flui tanto sangue: de cada um de nossos poros, tão encharcados de luxúria que não podem mais ser contidos em nossos corpos extenuados e rapidamente esgotados. Ele mantém em seu rosto o mesmo sorriso cúmplice.

Olho para cima. Sei que esta será minha última visão antes de nos perdermos para toda a eternidade nesse fosso profundo. Só agora percebo o porquê de ter sido atraída para ele e, finalmente, quem foi meu guia e condutor.

A névoa prateada, incrivelmente se desfez. Toda a água que enchia o poço, antes escura e visguenta, desapareceu. Agora sé encontra totalmente límpida, transparente e muito leve. Nenhum peso nos oprime, apesar da imensa quantidade de água que paira sobre nós. O róseo sangüíneo insiste em permanecer, cada vez mais consistente e rubro.

No alto, muito além da superfície, além das paredes de pedras pontiagudas e rascantes, ainda consigo vislumbrar, já bem esmaecidas, as distantes e longínquas, muito longínquas, estrelas da constelação de Órion.

Vitória, agosto de 2000.

O EXECUTIVO, O CONGRESSO e AS REFORMAS

Ultimamente, o Brasil, se não retrocedeu, estagnou-se, razão por que o povo ainda está, e deve continuar, nas ruas a bradar por mudanças urgentes, pois o País, para avançar, precisa de urgentes Reformas – na infraestrutura e na supraestrutura -, que englobem todas as reivindicações expostas nos diversos Movimentos Populares, que se alastraram e continuam a se alastrar pelos diversos cantos da nossa Pátria.
O “Governo Lula” teve boas condições de fazê-las e não as fez. O “Governo Dilma” as tem e, até aqui, também não, apesar das promessas feitas durante as campanhas para conquistarem o Poder. Aliás, por oportuno, ressaltamos que não é correto prometer e não cumprir, pois tal conduta negativa soma-se às demais causas de revolta do povo. Dentre as muitas Reformas necessárias destacamos algumas abaixo.
A Reforma Político-partidária é uma delas, que deve focar, dentre outras matérias, o financiamento público de campanha para eliminar o famoso “caixa 2”; a cláusula de barreira para limitar o número exagerado de partidos (pois já somam 31 moedas de troca!); a fidelidade partidária para vedar o troca-troca de partidos; a não reeleição de Chefes de Executivos, com aumento dos seus mandatos para 05 anos; o voto distrital misto, para banir o cociente eleitoral.
A Reforma Tributária deve ser uma reforma político-econômica que mude a estrutura da atual legislação sobre impostos, taxas e contribuições, para o fim de se reduzir os escorchantes encargos tributários, além de torná-los mais justos e igualitários.
A Reforma do Estado deve encartar, dentre outros assuntos, a redução da máquina estatal (exemplo: 39 Ministérios com mais de 50% de cargos comissionados!), a modernização e consequente desburocratização da gestão pública, vedando-se o patrimonialismo, que encarta a natureza de corrupção, aparelhamento partidário, clientelismo e nepotismo. Em resumo: busca-se a eficiência dos Três Poderes.
Se a Presidente e o Congresso Nacional não realizarem as Reformas que o povo reivindica, e persistirem no troca-troca de favores, de benesses, de cargos, de Emendas Parlamentares, de Ministérios et caterva, os Movimentos Populares podem trilhar outros caminhos, como, por exemplo:
1º) - elaborar projetos de iniciativa popular (exemplo: “Lei Ficha Limpa”);  
2º) - lutar por Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva, para a elaboração de uma nova Constituição, que contemple as Reformas;
3º) – valer-se, eventualmente, do plebiscito e referendo (Lei  9.709/98, art. 1º);
4º) - elaborar uma pautar política para exercitá-la durante a campanha das eleições de 2014.
Se o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes, a Presidente e os membros do Congresso não podem negar-se a atender as reivindicações daqueles que são a fonte originária dos Poderes.
 
Concluindo, continuamos a pregar que não basta sermos honestos e dizermos que somos honestos; é preciso, também, combatermos a desonestidade, sob pena de sermos coniventes com todo ilícito que, com frequência, ocorre em torno de nós.

Salvador Bonomo
Ex-Deputado Estadual e Promotor de Justiça aposentado.