segunda-feira, 26 de agosto de 2013

EU NÃO GOSTAVA DO PAPA JOÃO PAULO II

Arnaldo Jabour escreveu essa que chamo "CONFISSÃO DE UM ATEU" assistindo a agonia do agora quase santo, João Paulo II. Revendo meus arquivos encontrei e pensei por bem, publicar aqui. 
     

"Escrevo enquanto vejo a morte do Papa na TV. E me espanto com a imensa emoção mundial. Espanto-me também comigo mesmo: "Como eu estou sozinho!" - pensei.    

Percebi que tinha de saber mais sobre mim, eu, sozinho, sem fé alguma, no meio desse oceano de pessoas rezando no Ocidente e Oriente. Meu pai, engenheiro e militar, me passou dois ensinamentos: ele era ateu e torcia pelo América Futebol Clube. Claro que segui seus passos. Fui América até os 12 anos, quando "virei casaca" para o Flamengo (mas até hoje tenho saudade da camisa vermelha, garibaldina, do time de João Cabral e Lamartine Babo) e parei de acreditar em Deus.     

Sei que "de mortuis nihil nisi bonum" ("não se fala mal de morto"), mas devo    confessar que nunca gostei desse Papa. Por quê? Não sei. É que sempre achei, nos meus traumas juvenis, que Papa era uma coisa meio inútil, pois só dava opiniões genéricas sobre a insânia do mundo, condenando a "maldade" e pedindo uma "paz" impossível, no meio da sujeira política.  

Quando João Paulo entrou, eu era jovem e implicava com tudo. Eu achava vigarice aquele negócio de fingir que ele falava todas as línguas. Que papo era esse do Papa? Lendo frases escritas em partituras fonéticas...Quando ele começou a beijar o chão dos países visitados, impliquei mais ainda. Que demagogia! - reinando na corte do Vaticano e bancando o humilde...

Um dia, o Papa foi alvejado no meio da Praça de São Pedro, por aquele maluco islâmico, prenúncio dos tempos atuais. Eu tenho a teoria de que aquele tiro, aquela bala terrorista despertou-o para a realidade do mundo. E o Papa sentiu no corpo a desgraça política do tempo. Acho que a bala mudou o Papa. Mas fiquei irritadíssimo quando ele, depois de curado, foi à prisão "perdoar" o cara que quis matá-lo. Não gostei de sua "infinita bondade" com um canalha boçal. Achei falso seu perdão que, na verdade, humilhava o terrorista babaca, como uma vingança doce.

E fui por aí, observando esse Papa sem muita atenção. É tão fácil desprezar alguém, ideologicamente... Quando vi que ele era reacionário" em questões como camisinha, pílula e contra os arroubos da Igreja da Libertação, aí não pensei mais nele...Tive apenas uma admiração passageira por sua adesão ao Solidariedade do Walesa mas, como bom "materialista", desvalorizei o movimento polonês como "idealista", com um Walesa meio "pelego". E o tempo passou.

Depois da euforia inicial dos anos 90, vi que aquela esperança de entendimento político no mundo, capitaneado pelo Gorbatchev, fracassaria. Entendi isso quando vi o papai Bush falando no Kremlin, humilhando o Gorba, considerando-se "vitorioso", prenunciando as nuvens negras de hoje com seu filhinho no poder. Senti que o sonho de entendimento socialismo-capitalismo ia ser apenas o triunfo triste dos neo-conservadores. O mundo foi piorando e o Papa viajando, beijando pés, cantando com Roberto Carlos no Rio. Uma vez, ele declarou: "A Igreja Católica não é uma democracia". Fiquei horrorizado naquela época liberalizante e não liguei mais para o Papa "de direita".

Depois, o Papa ficou doente, há dez anos. E eu olhava cruelmente seus tremores, sua corcova crescente e, sem compaixão alguma, pensava que o Pontífice não queria "largar o osso" e ria, como um anticristo.

Até que, nos últimos dias, João Paulo II chegou à janela do Vaticano, tentou falar... e num esgar dolorido, trágico, foi fotografado em close, com a boca aberta, desesperado.   

Essa foto é um marco, um símbolo forte, quase como as torres caindo em NY. Parece um prenúncio do Juízo final, um rosto do Apocalipse, a cara de nossa época. É aterrorizante ver o desespero do homem de Deus, do Infalível, do embaixador de Cristo. Naquele momento, Deus virou homem. E, subitamente, entendi alguma coisa maior que sempre me escapara:     aquele rosto retorcido era o choro de uma criança, um rosto infantil em prantos!    

O Papa tinha voltado a seu nascimento e sua vida se fechava. Ali estava o menino pobre, ex-ator,     ex-operário, ali estavam as vítimas da guerra, os atacados pelo terror, ali estava sua imensa solidão igual à nossa. Então, ele morreu. E ontem, vendo os milhões chorando pelo mundo, vendo a praça cheia, entendi de repente sua obra, sua imensa importância. Vendo a cobertura da Globo, montando sua vida inteira, seus milhões de quilômetros viajados, da África às favelas do Nordeste, entendi o Papa.


Emocionado, senti minha intensíssima solidão de ateu. Eu estava fora daquelas multidões imensas, eu não tinha nem a velha ideologia esfacelada,  nem uma religião para crer, eu era um filho abandonado do racionalismo francês, eu era um órfão de pai e mãe. Aí, quem tremeu fui eu, com olhos cheios d'água. E vi que Karol Wojtyla, tachado superficialmente de "conservador", tinha sido muito mais  que isso. Ele tinha batido em dois cravos: satisfez a reacionaríssima Cúria Romana implacável e cortesã e, além disso, botou o pé no mundo, fazendo o  que italiano algum faria: rezar missa para negões na África e no Nordeste, levando seu corpo vivo como símbolo de uma espiritualidade perdida.    

O conjunto de sua obra foi muito além de ser contra ou a favor da camisinha. Papa não é para ficar discutindo questões episódicas. É muito mais que isso. Visitou o Chile de Pinochet e o Iraque de Saddam e, ao contrário de ser uma "adesão alienada", foi uma crítica muito mais alta, mostrando-se acima de sórdidas políticas seculares, levando consigo o Espírito, a ideia de Transcendência acima do mercantilismo e ditaduras. E foi tão "moderno" que usou a "mídia" sim, muito bem, como Madonna ou Pelé.   

E nisso, criticou a Cúria por tabela, pois nenhum cardeal sairia do conforto dos palácios para beijar pé de mendigo na América Latina. João Paulo cumpriu seu destino de filósofo acima do mundo, que tanto precisa de grandeza e solidariedade.    

Sou ateu, sozinho, condenado a não ter fé, mas vi que se há alguma coisa de que precisamos hoje é de uma nova ética, de um pensamento transcendental, de uma espiritualidade perdida. João Paulo, na verdade, deu um show de bola."   



CURIOSIDADES SOBRE A CRÔNICA

CRÔNICA: UM GÊNERO LITERÁRIO
       A crônica é um gênero literário que, a princípio, era um "relato cronológico dos fatos sucedidos em qualquer lugar"1, isto é, uma narração de episódios históricos. Era a chamada "crônica histórica" (como a medieval). Essa relação de tempo e memória está relacionada com a própria origem grega da palavra, Chronos, que significa tempo. Portanto, a crônica, desde sua origem, é um "relato em permanente relação com o tempo, de onde tira, como memória escrita, sua matéria principal, o que fica do vivido"2.
        A crônica se afastou da História com o avanço da imprensa e do jornal. Tornou-se "Folhetim". João Roberto Faria no prefácio de Crônicas Escolhidas de José de Alencar nos explica:
"Naqueles tempos, a crônica chamava-se folhetim e não tinha as características que tem hoje. Era um texto mais longo, publicado geralmente aos domingos no rodapé da primeira página do jornal, e seu primeiro objetivo era comentar e passar em revista os principais fatos da semana, fossem eles alegres ou tristes, sérios ou banais, econômicos ou políticos, sociais ou culturais. O resultado, para dar um exemplo, é que num único folhetim podiam estar, lado a lado, notícias sobre a guerra da Criméia, uma apreciação do espetáculo lírico que acabara de estrear, críticas às especulações na Bolsa e a descrição de um baile no Cassino."3

        O folhetim fazia parte da estrutura dos jornais, era informativa e crítica. Aos poucos foi se afastando e se constituindo como gênero literário: a linguagem se tornou mais leve, mas com uma elaboração interna complexa, carregando a força da poesia e do humor. 
        Ainda hoje há a relação da crônica e o jornalismo. Os jornais ainda publicam crônicas diariamente, mas seu aspecto literário já é indiscutível. O próprio fato de conviver com o efêmero propicia uma comunicação que deve ser reveladora, sensível, insinuante e despretenciosa como só a literatura pode ser. É "uma forma de conhecimento de meandros sutis de nossa realidade e de nossa história..."2
        No Brasil, a crônica se consolidou por volta de 1930 e atualmente vem adquirindo uma importância maior em nossa literatura graças aos excelentes escritores que resolveram se dedicar exclusivamente a ela, como Rubem Braga e Luís Fernando Veríssimo, além dos grandes autores brasileiros, como Machado de Assis, José de Alencar e Carlos Drummond de Andrade, que também resolveram dedicar seus talentos a esse gênero. Tudo isso fez com que a crônica se desenvolvesse no Brasil de forma extremamente significativa. 
           Na crônica, "Tudo é vida, tudo é motivo de experiência e reflexão, ou simplesmente de divertimento, de esquecimento momentâneo de nós mesmos a troco do sonho ou da piada que nos transporta ao mundo da imaginaçãp. Para voltarmos mais maduros à vida..."4
   

1 - Afrânio Coutinho - "A literatura no Brasil" - Volume III - RJ: Livr. São José, 1964. 
2 - Davi Arrigucci Jr. - "Fragmentos sobre a crônica" - Folha de São Paulo, 01/05/87. 
3- João Roberto Faria no prefácio (Alenaar conversa com os seus leitores) de "Crônicas escolhidas - José de Alencar" - São Paulo: Ed. Ática e Folha de São Paulo, 1995. 
4 - Antônio Cândido no artigo "A vida ao rés-do-chão".
Leia mais sobre crônicas


2 - Artigo do cronista Carlos Eduardo Novaes: "A laranja da crônica"



AS  CARACTERÍSTICAS 
 DA  CRÔNICA
        As características abaixo foram citadas por vários autores que tentaram entender a crônica enquanto estilo literário:
  Ligada à vida cotidiana;
  Narrativa informal, familiar, intimista;
  Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial;
  Sensibilidade no contato com a realidade;
  Síntese;
  Uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer seu estilo e criatividade;
  Dose de lirismo;
  Natureza ensaística;
  Leveza;
  Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada;
  Uso do humor;
  Brevidade;
  É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade da vida moderna.
 
Valéria de Oliveira Alves
História e Definição de Crônica
Parte 1
(*) Quando for encontrado um asterisco, significa que o termo em marrom na frase está definido no Glossário.

Definição 1: Em sentido tradicional, crônica é o relato de fatos dispostos em ordem cronológica, isto é, na ordem de sua sucessão, de seu desenvolvimento. Nessa acepção, crônica é um gênero literário histórico que se desenvolveu na Europa, durante a época medieval e renascentista. fonte 2.
Definição 2: A crônica é um artigo de jornal que, em vez de relatar ou comentar acontecimentos do dia, oferece reflexões sobre literatura, teatro, política, acidentes, crimes e processos, e sobre os pequenos fatos da vida cotidiana, enfim, sobre todos os assuntos. A crônica sempre se prende à atualidade, mas sem excluir a nostalgia do passado. Pode ser tendenciosamente crítica, mas sem agressividade. Costuma misturar sentimentalismo e humorismo. O crítico formalista russo Viktor Chklovski, estudando em O Teorii prozy (1925; Sobre a teoria da prosa) a diferencia entre as crônicas e os contos de Tchekhov, chama a crônica de "conto sem enredo". Trata-se de um gênero que, embora jornalístico, pertence (ou pode, pelo menos, pertencer) à literatura.
A crônica também é assunto da sociologia da literatura: tem importância notável para a situação material dos escritores, muitos dos quais não poderiam sobreviver sem escrever crônicas, enquanto outros as escrevem por vocação. Por esse motivo, a crônica é gênero cultivado por tão grande número de escritores que sua história completa equivaleria a um corte transversal através das literaturas ocidentais dos séculos XIX e XX. Fonte 2.
Características: Os fatos do cotidiano, os acontecimentos diários é que ensejam reflexões ao cronista.
Em torno desses fatos, o cronista emite uma visão subjetiva, pessoal e mesmo crítica.
Uso de linguagem coloquial, às vezes sentimental, ou emotiva ou, às vezes, irônica, crítica.
Espécies: Fala-se em três formas de crônica: crônica-comentário, crônica lírica e crônica narrativa; as particularidades.

CONTO OU CRÔNICA?

O que diferencia um conto de uma crônica? Veja o que conseguimos encontrar até agora. Se você conhece alguma outra definição, colabore conosco através do e-mail dos Anjos de Prata (não deixe de citar o autor da definição e a fonte de consulta)


"Uma vez, nos anos 80, Analdino Paulino coordenou uma edição de crônicas de amor para um livro que seria brinde da Credicard. Convidou dez autores, eu entre eles. Escrevi a minha. Foi devolvida pelo então diretor de marketing do cartão de crédito. "Estava ruim?" Não, disse o coordenador. Estava boa, ele até gostou. "E por que recusou?" Porque ele pediu crônica e você mandou um conto. "Ah, e o que é conto e o que é crônica para ele?" A resposta serviu para os milhares de teóricos que queimam cabeça. Porque, disse o marketeiro culto, uma crônica não tem diálogos. E como a sua tem, é conto."
Ignácio de Loyola Brandão, em crônica publicada no jornal "O Estado de São Paulo"




CONTO
[Dev de contar.]
S. m. 1. Narração falada ou escrita.

(Novo Dicionário Aurélio)


Conto: narração breve, oral ou escrita, de um sucesso imaginário. Tem um número reduzido de personagens que participam de uma só ação, em um foco temático. Sua finalidade é provocar no leitor uma única resposta emocional. Originariamente, o conto é uma das formas mais antigas de literatura popular de transmissão oral. (Enciclopédia Encarta 2000 - Microsoft®)


Conto é tudo o que o autor chamar de conto. (Mário de Andrade)


A definição definitiva do que seja conto ainda não foi encontrada - e parece-me que jamais será. Mas terá importância essa falta de uma definição abrangente? Acho que não tem nenhuma - porque conto é uma criação de mil faces e mais algumas: portanto, é mesmo indefinível, e assim deve continuar. Essa diversidade incapturável é justamente o que faz do conto um desafio a quem escreve ficção. Por isso é que o conto, quero dizer, o bom conto, está sempre sendo reinventado e constantemente exasperado a quem tenta defini-lo. (José J. Veiga)


Muito se discute sobre a natureza e o valor do conto enquanto literatura. Para muitos o gênero é composto de romancistas com pouco fôlego para escreverem obras maiores; para outros, de escritores sem o dom da concisão e a disciplina necessária ao rigor que caracteriza o ofício dos poetas - mesmo aqueles que usam o verso livre. O fato é que o conto possui atributos que o diferenciam dos gêneros mais populares da ficção e que vão além da definição de narrativa curta. Se a Poesia procura levar o leitor - através de sua música e construção - a regiões míticas e originais onde a sensação é mais reveladora que o sentido, e o Romance leva a uma participação de vivências e estados de alma onde a verossimilhança transpõe o mundo imaginário para o mundo real, o Conto, por sua vez, tem como objeto o estado de tensão. Não estou afirmando que as finalidades de um ou outro gênero não se cruzem e misturem. Não. Porém o Conto, sem a subjetividade da Poesia e o prosaísmo do Romance, permite num grau de total eficácia a invenção na linguagem e a possibilidade de reflexão do mundo externo à obra, viabilizando o processo de humanização do leitor - como pretendido pelo grande crítico de literatura Antonio Candido. A centralização num tema, a exatidão da imagem, a concisão e a profundidade dos significados são algumas das qualidades principais do Conto que o marcam de maneira definitiva e propiciam a tensão entre texto e leitor, cumprindo com o papel de incomodar ou deleitar cabido a boa literatura. (Valdo Trindade)


Nenhum outro gênero, realmente, é tão discutido e mal definido, até hoje, na história literária. Afinal, o que é exatamente um conto? Mário de Andrade, num assomo de enfado, definiu-o: “Conto é tudo o que o autor chama de conto.” E o crítico inglês H. E. Bates, citado por Aurélio e Rónai, confessava-se, em obra de 1942, desanimado de definir o gênero : “O conto veio a tornar-se toda espécie de coisas....um veículo na realidade, para o talento de cada um”, e concluía: “O conto tem algo da natureza indefinida e infinitamente variável de uma nuvem”. Convergem os estudiosos num ponto, bem expresso pelo professor Massaud Moisés: “Pelo que se pode saber, é desconhecida a origem do conto. É-nos vedado pensar o momento em que surgiu, pois teríamos de remontar a uma era da História ensombrada pelo denso mistério e incerteza de contornos” (Cecília Prada)



Conto, novela, romance:
A primeira coisa que devemos tirar da cabeça é aquela história de que a diferença entre esses três gêneros é a quantidade, ou seja, o conto é curto, a novela, mais ou menos, e o romance é longo. Nada disso é verdadeiro. Existem novelas maiores que romances e contos maiores que novelas.
Onde está a diferença?
Gosto muito do conceito de unidade dramática, ensinado pelo eminente doutor em literatura, Professor Vicente Ataíde, que denominamos de "Célula Dramática" e que passo a utilizar para uma boa compreensão do assunto. O Conto contém apenas um único drama, um só conflito. Esse drama único pode ser chamado de "célula dramática".
Uma célula dramática contém uma só ação, uma só história. Um conto é um relâmpago na vida dos personagens. Não importa muito seu passado, nem seu futuro, pois isso é irrelevante para o contexto do drama objeto do conto. O espaço da ação é restrito. A ação não muda de lugar e quando eventualmente muda, perde dramaticidade.
O objetivo do conto é proporcionar uma impressão única no leitor. Podemos, pois, resumir em quatro, os ingredientes que caracterizam o conto:
1. uma ação
2. um lugar
3. um tempo
4. um tom.
Em outras palavras, um conto contém uma única Célula Dramática.
                     (Airo Zamoner

CRÔNICA
[Do lat. chronica]
S.f. 1. Narração histórica, feita por ordem cronológica. 4. Pequeno conto, de enredo indeterminado.
(Novo Dicionário Aurélio)


Atualmente, crônica é um gênero literário que explora qualquer assunto, principalmente os temas do cotidiano. Geralmente escritas para serem publicadas em jornais e revistas — que, mais tarde, podem ou não ser reunidas em livro — a crônica se caracteriza pelo tom humorístico ou crítico.
(Enciclopédia Encarta 2000 - Microsoft®)



Alguém já disse que crônica é a literatura sem tempo.  (Luis Fernando Veríssimo)


O trabalho que eu faço - a crônica - é justamente a junção da literatura (muito presente na obra de meu pai) e do jornalismo (minha especialidade). Outro ponto em comum é a informalidade com que eu e meu pai procuramos escrever nossos textos. (Luis Fernando Veríssimo)


Liberdade de criação no jornalismo. Gênero menor na literatura. A crônica é a própria inconstância. Na teoria, sabe-se dela o que ela não é e o que ela pode ser. Na prática, ela se define pelo estilo do autor, pelo tamanho e, por vezes, pelo veículo onde é publicada. (Gabriela Pessoto Galano em Trabalho de Conclusão de Curso - Baurunesp)


A crônica não é literatura, e sim subproduto da literatura, e está fora do propósito do jornal. A crônica é subliteratura que o cronista usa para desabafar perante os leitores. O cronista é um desajustado emocional que desabafa com os leitores, sem dar a eles oportunidade para que rebatam qualquer afirmativa publicada. A única informação que a crônica transmite é a de que o respectivo autor sofre de neurose profunda e precisa desoprimir-se. Tal informação, de cunho puramente pessoal, não interessa ao público, e portanto deve ser suprimida. (Rubem Braga)


Crônica: narrativa curta que geralmente tem como ponto de partida um fato real comentado pelo autor, muitas vezes de maneira lírica ou bem-humorada. Nas últimas décadas, no Brasil, muitos escritores notabilizaram-se por suas crônicas: Rubem Braga, Fernando Sabino e Luís Fernando Veríssimo, entre outros. http://www.klickeducacao.com.br


Sobre a crônica, há alguns dados interessantes. Considerada por muito tempo como gênero menor da Literatura, nunca teve status ou maiores reconhecimentos por parte da crítica. Muitos autores famosos, romancistas, contistas ou poetas, produziram excelentes crônicas, mas não são conhecidos por isso. Carlos Drummond de Andrade é um belo exemplo. Pela grandeza de sua poesia, o grande cronista do cotidiano do Rio de Janeiro foi abafado. O mesmo pode-se falar de Olavo Bilac, que, no início do século passado, passou a produzir crônicas num jornal carioca, em substituição a outro grande escritor, Machado de Assis. http://www.russo.pro.br


A crônica se destina a publicação em jornal ou revista. Por isso mesmo, já se pode deduzir que deve estar relacionada com acontecimentos diários. Se diferencia evidentemente da notícia, pois não é feita por um jornalista e sim por um escritor, mas se aproxima de sua forma. É o acontecimento diário sob a visão criativa do escritor. Seus personagens podem ser reais ou imaginários. Não é mera transcrição da realidade, mas sim uma visão recriada dessa realidade por parte da capacidade lírica e ficcional do autor. Normalmente, por se basear em fatos do cotidiano, ela tende a se desatualizar com o passar do tempo. Nem por isso deixa de perder seu sabor literário quando agrupamos um conjunto delas em um livro. O cronista é essencialmente um observador, um espectador que narra literariamente a visão da sociedade em que vive, através dos fatos do dia a dia. (Airo Zamoner)


Modernamente, a crônica é o gênero literário que se concentra em acontecimentos da vida cotidiana, os quais, à primeira vista, podem parecer banais para qualquer pessoa, mas que ganham sua devida importância na visão do cronista.

Tais acontecimentos sejam elas pertencentes à vida política, esportiva, social, literária ou policial, são sempre comentados sob o ponto de vista de seu autor, adquirindo a crônica um estilo peculiar a este. E é pelo estilo simples, ágil e poético que o cronista atrai o leitor para sua obra, utilizando para isto de uma linguagem leve, informal, com a presença de presença de diálogos, toque de humor, sarcasmo e mesmo de que se aproxima do nosso modo de ser mais natural. A linguagem da crônica é, pois, descompromissada das construções rebuscadas, da sintaxe rica, dos adjetivos em excesso, e de tudo aquilo que a torna distante da vida real, ajustando-se desta forma, ao lirismo do nosso dia-a-dia. A crônica, às vezes, pode ser confundida com o conto, pelo fato de serem a criação de uma nova realidade, No entanto, o que difere - analisando através da linguagem - é que na crônica existe agilidade e simplicidade; faz uso de recursos orais (como os diálogos freqüentes), e de coloquialismos, que a tornaram mais próxima, e, de certa forma, melhor compreensível ao leitor. http://www.artegeral.com.br/linguagem.htm