quarta-feira, 25 de setembro de 2013

EXPLOSÃO

Explosão em poucas letras, da mais profunda expressão de uma alma poeta.
Aconteceu com a poetisa Gilcéa Rosa que contemplou a figura  abaixo.
 
 
Encontro do céu com o mar.
O infinito,
Uma prece
E o sol enquanto despe
De laranja, colore o mar.
      Rosagil

A CULPA É DE TODOS


Ao Ministro Celso de Mello só restou mesmo uma opção: seu juízo como magistrado e a oposição de quase um Brasil, ao desempatar em favor dos mensaleiros, na decisão que culminou o acolhimento dos tão propalados embargos infringentes que permitem a alguns verem aliviadas as penas.

Segundo meu modesto entendimento, no caso de tal decisão, para falar praticamente: nenhum Ministro errou. Afirmo, a partir da consideração de que, os cinco que foram contra tiveram ânimo semelhante ao de todos, quando foi decidido pela mesma corte, que existe união estável, mesmo que o par não seja formado de um homem e uma mulher, portanto, só entre sexos opostos. A justificativa para anularem a expressão homem e mulher, que é constitucional (§ 3°, art. 226), foi de que estariam dando ouvidos ao grito vindo das massas, foram ao manifesto anseio delas.

Os que, ao invés, seguiram ditame do Regimento Interno da mesma Corte – que na verdade, não deveria estar contrastando com Lei Federal que lhe está acima – ao mesmo tempo que se justificam, podem-se justificar, dizendo que seguiram o RI, e ficam em paz com as próprias consciências, não encontrarão argumentos que expliquem aos que os acusam de se terem vergado ante o grito de minoria, frustrando a expectativa daquela mesma massa que no episódio da união estável os colocou no apogeu.

Alguém já argumentou que a palavra “final” da escolha de um Ministro é do Senado, ocorrendo só depois nomeação pelo Executivo (parágrafo único, art. 101 CF). Visava a tirar de presidentes, qualquer reflexo de culpa (também não é mesmo o caso) pelo que o STF decide. É constitucional, mas não é real, o Senado aprova quem já tiver sido aprovado por quem, ainda que só depois, vai nomear. Nem se olvide, bem se sabe, quantas “diligências” envolvem uma toga de Ministro.

Eis contudo, um raciocínio a merecer prosseguimento, para lembrar que por sua vez, o Senado é escolhido pelo povo, numa cabine onde o espaço é só seu, porque  “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos...” (Par. Único, art. 1° CF).

Como se vê: “saber quem é culpado resolve” sim “nossas vidas”. Delira-se muito mais com o “Rock in Rio”, gastam-se belas somas para ir até lá, enchem-se bolsos com a soma dos grãos de cada um, por exemplo, mas a consciência política fica muito distante das nossas ocupações, quanto mais preocupações, autoriza a ser dito: reconheçamos, a culpa pelos males contra os quais estamos protestando não é de ninguém, mas sim de todos.

 Marlusse Pestana Daher