Tarde de sábado, mas que
delícia! Trabalhou-se durante a semana, hora certa de entrada de saída, de refeição,
tudo para no final do mês ter nas mãos, e viva, um salário mínimo, alguns, um
pouco mais.
Logo, é mais que
compreensível que se juntem os familiares que puderem, alguns amigos de galera
e a palavra de ordem è: simbora pro
shopping. Adentram pela porta principal, vieram de ônibus, o ponto fica
nessa direção.
Riem e brincam o tempo
todo. Cada um traz na mão um celular e embora conversem, ninguém desgruda da
emissão de mensagens, de falar com outrem, assunto sem importância,
absolutamente nada que não pudesse ficar para depois, ou deixar para a
oportunidade do primeiro encontro. Mas,
ora bolas! Celular é para usar! Tá certo...
Na proximidade de algum
restaurante, juntam mesas e deixam outras desprovidas de cadeiras, sentam-se e
o papo rola solto... Boas gargalhadas, o invariável tom de gozação de alguém do
grupo que se safa como pode. Não faltam alguns petelecos na careca de quem a
tem. Até que comem alguma coisa, um
prato grande de batatinha frita que fica no centro, é acessado por todos.
Quem precisar de uma mesa
para sua refeição se vire em procurar cadeira ou, saiba que na parte externa, sob
o toque do vento que traz maresia, quem sabe ainda poderá encontrar um lugar.
A turma encontrou o seu,
para jogar conversa fora e só quando alguém começar a denotar enfado, passará a
sensação a todos que se levantarão um a um e vão ver vitrines ou exposição de quase
tudo.
Continuam a não pensar em
compras. O salário não permite aventuras de consumo. Há sempre quem já
vivenciou a experiência de comprar à prestação, do ter-se endividado acima das
próprias possibilidades, ou ter esticado
as pernas além de onde o lençol poderia chegar e mesmo que a experiência de um homem não empreste suas
asas a outra homem, conforme escreveu Gibran, também é verdade que convêm colocar a barba de molho, quando vir a do
vizinho arder.
Ir ao shopping é mesmo só
curtição. Formar um grupo que tenha o mesmo gosto, sair, conversar, rir,
passear, ver, depois voltar para casa. De ônibus, é claro. Pensando bem,
significa não ter que pagar estacionamento, caríssimo, só isto faz a fortuna de
quem recebe.
E agora? eu que
coloquei no fundo da bolsa a cena, ávida de transformá-la em crônica me
pergunto: como terminar?
Aprendi que se pode ser
feliz e rir com pouca coisa, e me vem a mente aquela frase antiga usada por um
forrozeiro para cantar: o pouco com Deus
é muito, o muito sem Deus é nada.
Marlusse Pestana Daher
Vitória, 17 de novembro de
2013
13:37