sábado, 19 de abril de 2014

SE ERGUES DA JUSTIÇA A CLAVA FORTE


Naquele fórum, somente falariam quatro debatedoras, por dois minutos. A primeira favorecida transferiu seu tempo para outra, que a considerar pela aparência, coisa de neo fariseu, no entanto, impressionou pelas palavras recheadas de fina sabedoria e sutil conhecimento. 

A ela me referi, no artigo: “Lei Maria da Penha, ainda mera falácia”. Subsidia-me de novo, pois não é possível passar despercebida sua sapientíssima observação após ter contado as agruras pelas quais passa, resultado da impunidade que campeia, que beneficia o ex-marido e a alcança. Criticou então a “justiça”, lembrando: “no Hino Nacional se canta: “se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu, não foge a luta”. Interpreto: uma lutadora, sozinha cria os filhos, acredita no trabalho de artesã e no projeto “economia solidária”. Dispensa as tais “bolsas de tudo”, esmola de governo que prefere encabrestar a ensinar a pescar. E insinua: posso me cansar, Brasil, “não fugir da luta só é possível, se a clava forte da justiça for erguida”.
 
Ainda que possamos reconhecer as razões que o Judiciário sempre elenca em sua defesa, não se pode dizer que sua atuação tem sido resposta eficaz ao papel que lhe cabe na democracia. Não se tem havido à altura do poder que a Nação lhe outorgou, já que, é do povo que todo poder emana, nos termos da Constituição que prevê a forma de ingresso em tal sodalício.

Ao Judiciário particularmente se reservou o poder de punir, quando não o faz, concorre (este verbo tipifica a coautoria no Código Penal Brasileiro) para a multiplicidade de crimes, para a frequência com que são perpetrados, para a desorganização social, para o desequilíbrio das Instituições. Pior, quando se queda indiferente, ante fatos com todas as nuances das quais se revestem e provam que caminhamos para profundezas não dimensionadas, posto que inegável: o caos se instalou.

Entre muito mais: não se respeitam leis, ai estão os vândalos mascarados que driblam a polícia como bons atletas da bola driblam adversários para fazer gol e após dois saltos a frente, destroem tudo que visaram ou encontram. E voltam para onde moram, que lares não podem ser, felizes por serem suficientemente tão loucos, certos da impunidade.

Os papéis se inverteram.

Não se duvide do que diz uma mulher sábia e aquela nos lembrou. É de se temer, mas estamos todos na iminência funesta de fugir da luta, já que a indispensável clava forte da justiça jaz abaixada.

Marlusse Pestana Daher

Vitória, 28 de março de 2014 10:13.