terça-feira, 31 de maio de 2016

ESTOU À TUA PORTA E BATO


Pai nosso que estás no céu, na terra e em toda parte, ouvimos do teu Divino Filho, nosso irmão Jesus Cristo, nos tempos em que pessoalmente e encarnado anunciou a Boa Nova aqui na terra, que não cansássemos de pedir porque com certeza seremos atendidos, porque para       quem bate a porta será aberta.  Eis que nos postamos diante de ti e pedimos pelas necessidades das pessoas que amamos em particular, por nós e pelo mundo.

Como outrora ouvindo o clamor do teu povo saíste em socorro a ele, libertando-o do cativeiro no Egito, vem também agora, ouvir o nosso clamor quem sabe tornado murmúrio, pelo decurso do tempo e consequentemente pelo cansaço de continuar pedindo, já que nem sempre somos ouvidos.

É verdade que tu és Pai, é verdade que atendes e quando não o fazes é certamente porque ainda não soou a hora ou porque melhor que nos sabes o que mais e melhor nos convém.

Não nos deixes cair  na tentação do desânimo, não nos deixes cair na tentação da desesperança, não nos deixes cair na tentação de ousar pensar que cessaste de nos amar, que nos esqueceste entregues ao nosso sofrimento, à nossa dor.
Pai, vem em socorro das nossas fraquezas, nossas fragilidades são tantas e mesmo tantas vezes propondo de deixar nossos vícios, sair para uma verdadeira conversão nos surpreendemos acometidos dela e caindo de novo no emaranhado dos nossos ais.


É por isto que inverto a minha posição com a tua,  fico do lado de fora da porta em que bato e digo: eis que estou em tua porta e bato, ouve-me, meu Pai, meu Deus!

domingo, 22 de maio de 2016

CONFORMAR-SE É MORRER

Escrito em 2001


        A vida sempre se encarrega de nos oferecer  oportunidades de voltarmos a nos surpreender, por exemplo, ao constatar que há quem seja capaz de partindo do absolutamente nada, dirigir acusações infundadas a outrem, infligir maus tratos,  pior ainda, torturar.

        Na Auditoria Militar, foi ouvido o depoimento de uma vítima, demonstrando o resultado deprimente do quanto pôde ser aniquilada e como conseqüência ter perdido todas as forças de ainda acreditar que haja esperança, de que possa ser diferente nesta terra. No final, não obstante sua infinita simplicidade e detenção de poucas letras, presenciamo-la se refugiar na certeza da existência de Deus e afirmar que Sua justiça sim, não falha!

        Revelou com minúcias tudo, mas recusou-se a assinar o termo, afirmou que de nada adiantaria.  Ante os argumentos que usava, quando foi tentado convencê-la de que o fizesse, vergaram-se todos, só restando  “engolir em seco”,  o seu protesto. Tem toda razão. Dois anos depois, seus algozes ainda não foram punidos.

        Terminada esta cena, (não sua lembrança), uma jovem advogada vem ter comigo e pedir apoio para resolver um problema sério. Impetrara um Mandado de Segurança em favor de um seu cliente e não obstante tê-la conseguido, mediante sentença, a autoridade coatora, recusa-se a cumprir a ordem. Já se dirigira a todos quantos é possível e atônita, vê os dias passarem sem que a solução que urge, venha.

        Como se diz frequentemente:  as coisas estão piorando  a cada  dia. E como é grave!

Fica muito difícil conviver num mundo em que a crise de autoridade se demonstra de tal forma sensível e palpável.  O suceder de tais fatos  somado à  leitura de um artigo de Nicolau Sevcenko, que acabou de publicar “A corrida para o Século 21”, me levou à busca do panfleto “A Desobediência Civil”, escrito de Henry D. Thoreau (1817-1862).

Nele, Thoreau, que inspirou a luta anticolonial do Mahatma (grande alma) Ghandi” “firmou seu pensamento político e resumiu sua proposta  de  “resistência não violenta”,  o anseio de “não se conformar nunca, porque conformar-se é morrer”. 

Conformar-se é morrer me vai repetindo uma voz lá dentro...
Já é bastante grave a situação em que nos encontramos. Mas é absolutamente certo que ainda podemos reconstruir. Disponhamo-nos a remover os destroços.

Uma grande iniciativa passa, por exemplo, pelo dar vida às universidades, motivando seus docentes. De tal forma, que o entusiasmo pelo que é o ambiente onde militam, retenha-os entre seus umbrais durante todo o tempo que for de trabalho.  Igual tratamento seja dispensado a todas as  escolas indistintamente,  desde a pré. 

Um povo educado, será um povo mais esclarecido e  tangido por todas as veras da própria alma saberá responder ao convite feito pelo poeta à criança, mas  que se  pode  estender a todos os demais:  imita na grandeza, a terra em que nasceste!
        Marlusse Pestana Daher
                                                                                    A GAZETA 26/11/01