segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

OSTENSÓRIOS VIVOS


Neste 1 de janeiro, o Pároco de Jardim da Penha, Pe. Adenilson,  inovou. Depois da Missa, com Jesus no ostensório, saiu abençoando o povo que estava na Igreja. O gesto ficou ainda mais bonito, quando da porta de entrada, abençoou o bairro e toda gente.

As pessoas ficaram muito entusiasmadas, umas quiseram também tocar o ostensório, depois do que se persignavam, ajoelhando-se em seguida, em perfeita adoração.

Ante o que via, acorreu-me à lembrança o salmo  42 que diz: “Assim como o servo suspira pelas águas correntes, a minha alma tem sede de Deus, pelo Deus vivo anseia com ardor”. É que de repente, a sensação de Jesus presente, com seu corpo, sangue, alma e divindade, transitando no meio de sua gente, se apossou de todos. Pairou no grande templo, muita emoção.

Foi como se Jesus aparecesse ai em algum lugar e ao vê-Lo, o povo corresse ao Seu encontro, passaria a acompanha-Lo onde quer que fosse.

Tem quem pouco ou nada repare, mas temos sim, sede de Deus, por isto mesmo, o salmista acrescentou ao salmo mencionado em seguida ao que já transcrevemos, “quando irei ao encontro de Deus e verei tua face, Senhor”.

Com razão já afirmara Agostinho:  “Senhor, minha alma não estará tranquila, enquanto em vós não repousar”. (Confissões). Não podemos negar nossa origem, para quem e para quê fomos criados.

Muito válida a ideia do Padre. Entretanto, fiquei pensando. Muitos, muitos mesmo dos presentes à celebração eucarística, comungaram, portanto, Jesus que é alimento, foi recebido, entrou naqueles corações, estava lá, dentro delas, tão vivo e verdadeiro, quanto na hóstia colocada no ostensório e eles saíram de si para ir ao encontro Dele.

Talvez não se tenha consciência dessa presença real de Jesus na comunhão. Quem sabe, mesmo intensamente recebido, a devoção se restrinja ao momento. A certeza da realidade não acompanhe os comungantes onde quer que forem ou de volta às suas casas, pelo que se constituem em ostensórios vivos, de carne e osso.

Além da comunhão, Deus que está presente em toda parte, é realidade permanente, tanto quanto o foi aquela do Seu passar no meio do povo reunido em sua Igreja na primeira celebração paroquial de 2016.

Seria bom nos acostumarmos a pensar e adquirir a convicção de que nós, conforme expressão do Apóstolo Paulo “nos movemos em Deus, existimos em Deus,  e somos em Deus”. (At 17,28). Deus ocupa todos os espaços, não há lugar onde Ele não esteja. Quando vamos por ai, nem vamos abrindo espaços em Deus, vamos  mergulhados nele.

Temos razão para nos emocionar sempre como nos emocionamos naquela Missa. Nossa sede pode ser aplacada, temos sempre e em toda parte a presença de  Deus.

Estou certa de que todo mundo sabe disto, pena que se esquece.



Comentário para:
marlusse2010@gmail.com