Hoje fui praticamente despertada
pelo telefonema de uma amiga que mora no Planalto Serrano, tido por muitos, como
lugar onde não moram pessoas de bem. Mas é claro que se trata de preconceito ou
de engano, tem gente honesta ali sim.
Um oficial de justiça
munido de um mandado de “busca e apreensão” queria levar o carro do cunhado
dela que já está quitado, ignorando os comprovantes que lhe eram
demonstrados.
É verdade que ele (o cunhado),
andou atrasando umas prestações, mas a esta altura já pagou tudo, aliás, quitou
o carro.
Falei com o oficial pelo
telefone. Quis justificar o que fazia com argumentos não jurídicos, claro que
os contestei. Chegou a dizer que dali já havia até telefonado ao juiz que
respondera “é assim mesmo”. Perguntei o nome do Juiz e ele trocou, “na verdade
falara com a assessoria”... Ai, ai, que assessoria madrugadora!
Mas o que eu quero falar
mesmo é que o oficial foi embora dizendo que “abortava a diligencia”. Só que
não deixou cópia da inicial como é devido. Estou querendo saber se quando da certidão,
- aquela do verso do mandado – certificou que a deixou, como é praxe. Neste
caso, cometeu crime, porque na verdade só deixou o número do processo. Isto se chama
falsidade ideológica:
Código
Penal Art. 299- Omitir, em documento público ou
particular, declaração que dele devia constar ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a
verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão de um a cinco anos, e
multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o
documento é particular.
A cópia da inicial serviria de prova da existência
do fato que estava ocorrendo, cobrança de dívida já paga que tem como consequência pagar o valor em dobro, segundo
inteligência do art. 940 do Código Civil Brasileiro.
Está provado que as grandes
coisas se fazem com as pequenas, enquanto isto, vou-me lembrando da resposta
dada pela cobradora ao viajante, Prof. João Alberto, em Estocolmo, que lhe
pergutou passando por uma catraca a pagamento, enquanto outra era livre e
ninguém passava por ela, tendo sido esclarecido que se destinava a pessoas que
não tivessem dinheiro para pagar.
- E se uma pessoa, mesmo
tendo dinheiro, passar por ali?
- Por que o faria? respondeu a moça, depois de um piscar de olhos
(que segundo relato eram lindos e azuis).
Isto é que é certo. Como aconteceria
aqui? Pulam-se as catracas únicas com violência e atemorizando. Mesmo assim, do
pedestal do nosso não sei o quê, “metemos o pau nos políticos” que se originam dos
mesmos cantões que nós, são carne e ossos da nossa mesma carne e dos nossos
ossos. Gente do nosso convívio.
“A honestidade é um dos
valores mais libertadores que um povo pode ter. A sociedade que a tem
naturalmente, certamente, está num patamar de desenvolvimento superior”. (Frank
Medina).
Aconteceu ainda ontem
mesmo, deixei perplexa a moça do caixa de uma padaria. Ela me devia voltar 40
reais e ao invés me dava 60 reais de troco. Fiquei com as mãos abertas, sorrindo
e olhando para ela (antes mais uma vez observei sobre a majoração do valor
cobrado, quando alegam que não têm moeda suficiente ou correspondente – e o
que temos eu ou nós com isto?). Ao perceber
meu olhar, ela intuiu algo e que realmente era
nas minhas mãos que estava o porque daquele sorriso. Desconsertada,
enquanto apanhava os vinte reais a mais, confessou: “me enganei”. Mas também
não agradeceu.
Ação, gente, a estrada é
longa, mas que não cansemos ou deixemos de caminhar. Com pequenas coisas boas
mudam-se as grandes que são más.
Marlusse Pestana Daher Vitória, 6 de novembro de 2017
13:47