terça-feira, 28 de novembro de 2017

SOBRE POLITICA


Devido à publicidade, devido à globalização, devido à disponibilidade na mão de todos, do poder saber de tudo e de todas as coisas que acontecem – se são divulgados - cada um começa a falar de praticamente tudo, fala como entende, de política com todas os seus adereços, da pobreza e da miséria, do mal, nada do bem porque este não faz barulho, e presenciamos e sentimos um stress generalizado acometendo todos. Não conheço exceção a menos que façam parte daqueles que dando de ombro dizem: “Não estou nem ai”
Congresso Nacional

Se já não “sabíamos o que será o amanhã”, agora ainda muito menos e curiosamente, a certeza de que é assim nos vem dos contínuos subtrair dos direitos sociais garantidos constitucionalmente, do querer desigualar iguais, do efeito continuado propiciado pela corrupção sem precedentes que minguou nosso desenvolvimento, da redução sem precedente do salário mínimo. O rosário de penas não tem fim...

Mas o dinheiro surgiu (e em situações análogas sempre surge) aos borbotões, quando se tratou da compra milionária de votos dos parlamentares da Câmara Federal, ou melhor dizendo, de suas consciências, para poupar o Presidente Temer de duas ações penais (ainda que depois do mandato possa responder por elas).

Não há dinheiro para boas escolas onde se precisa, ou em todos os lugares onde se fazem necessárias, não há dinheiro para prestação de saúde e o espetáculo de doentes em corredores, até pelo chão, é diário e é  dantesco. Salvar vidas de  adultos e de crianças, como daquele garoto que tinha um câncer na boca que lhe avolumava o rosto e condenou a morte, mas que era benigno e não foi tratado a tempo. Estremecemos, sofremos, mas não podemos perder nossa capacidade de indignação, não nos podemos omitir em nada que pudermos fazer.

Por exemplo, uma solução vem sendo de todos os modos proclamada: não votemos em nenhum desses que hoje estão no poder. Não creiam nas mentiras que nunca param de contar. Mesmo que seja seu “ente” ou “parente” e até nele
você crê, não vote, ele pertence ao número dos que devem sair de cena, compôs o vandalismo atual, bem semelhante ao de ontem, na política brasileira. Ou na expressão de Eça de Queirós: “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos, pelo mesmo motivo”

É preciso ser radical. A luta é grande até porque nenhum desses fatos se repetiram só recentemente ou pela primeira vez. A leitura do que escreveram pessoas de bem nos atestam que já diziam estar vivendo em uma espécie de inferno. É terrível.

Todos os dias novas facadas. Todos os dias imposição de novos sacrifícios. Busca-se reformar a previdência sob alegação de déficit, mas não são cobrados os valores de quem deve a ela em cifras impensadas. 

Sabe-se quem deve ao Banco Central, por que não cobrar já que tão bem se sabe que o patrimônio do qual dispõem o autoriza. Os conchavos inibem, “fala de mim que eu falo de ti...”  Não se pode ter “rabo preso”. Nem se penalize o povo que já está massacrado.  

Mas honestidade não consiste só no que diz respeito à política depende de inúmeras práticas diárias da lavra do povão que pensa que não fazem a diferença. E como fazem!

Mentira: quem mente no pouco, acaba mentindo no muito. Furtinhos daqui e dali. Pequenas omissões. Preguiça de não ir à luta. Deixar para depois, etc. Aqui e agora sejamos absolutamente honestos, absolutamente verdadeiros, nem nos esqueçamos de que “as grandes coisas se fazem com as pequenas” e que os políticos que recebem mandatos, é de nossa parte que recebem e enquanto entre nós, conosco são “farinha do mesmo saco”. Já pensou?

Marlusse Pestana Daher
Vitória, 28 de novembro de 2017