“No céu,
no mar, na terra, canta Brasil!” quer o canto, mas como, se os contrastes
continuam crescendo e fazendo ainda mais a “diferença entre os poucos que têm
tanto e os muitos que pouco ou nada têm”, Digo-o, repetindo o Papa Paulo VI, no
seu memorável discurso em Medelin, num encontro com Bispos católicos.
Entre os
fatores que atravancam nossa caminhada
rumo ao sol, está a de continuarmos mantendo sempre os mesmos no poder. Poder é
uma outorga do povo a alguns, para que no exercício digno das atribuições que
recebem ou inerentes ao cargo, promovam o bem geral e a união ou como se lê no
artigo 3º da Constituição Federal: “construa uma sociedade livre, justa e
solidária; garanta o desenvolvimento
nacional; erradique a pobreza e a marginalização e reduza as desigualdades
sociais e regionais; promova o bem de
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação”.
O povo
tem dado demonstração de que está disposto a salvar o povo, quando se une e
calça a própria rua, quando faz
multiplicarem-se ONGs que prestam
os mais diferentes serviços aos seus circunvizinhos, quando quem já é pobre
reparte o que tem com outro mais pobre ainda, quando a família que já é grande
e sobrevive no sacrifício, ainda acolhe até mediante adoção, criança carente de
um lar. Pesquise-se no juizado da infância e será constatado que mais de
noventa por cento das adoções que ainda acontecem, são feitas por pobres.
Mas ainda
são exatamente esses que se contentam com as migalhas que lhe são oferecidas no
período de campanhas eleitorais, ignorando que o que recebem com aparência de dom, é apenas parte
da fração que lhes pertence por direito, que não lhes foi entregue, que lhes
foi negado, que lhes foi roubado. Perfeito
aquele humorista que representa aquele deputado, não faz apenas
palhaçadas, denuncia uma realidade que
não basta ter olhos para ver.
Com
razão: os que se entregam à luta, denunciando a ineficácia, ao menos nesta
hora, da política neoliberal praticada
na nação brasileira; os que lutam
diuturnamente em busca de espaço para prosseguir no cumprimento da missão popular redentora,
os que anelam por um mundo novo. É
preciso que os que tiverem fôlego não desanimem e aos céus pedimos que os
sustente, não permitam que esmoreçam.
Por que
eleger sempre os mesmos? por que não permitir que se plenifique o brilho
de outras estrelas? por que insistir em
querer abarcar todos os espaços e ter a mão estendida até o último confim? Para
dominar tudo e todos, para mandar e desmandar, para ser senhor de vida e de
morte de todos? O que significa esta obstinação de não medir esforços, de usar
de meios oportunísticos na reta da chegada? Que se dê vez ao RESPEITO.
É o lado
democrático de cada um que se deve fazer ouvir. Democracia é participação,
delegação e divisão de tarefas, é responsabilidade participada, é o estado onde
não se faz calar pela força os que se
querem manifestar ou fazer vislumbrar o medo de perderem o que foi conseguido
com muita camisa suada.
Que venha
a emergir do recôndito de cada um, o cidadão que dorme. Que mantenha bem
abertos os olhos para saber ver além dos
agradinhos de última hora.
Saiba
enfim que a urna aonde se vai, é altar
em que se imola como vítima a própria sorte, o próprio futuro familiar e
social ou institucional. Quando o sacerdote é você. Ao sair dali, tomara que se
possa vir a saber que o sacrifício
oferecido foi agradável, ou continuaremos a ser os mesmos, quando só nos
restará sentar as margens dos rios formados pelo nosso pranto que não se
aplacará por ser deveras lamentável ter perdido a oportunidade de propiciar, a
alternância no poder.
Marlusse Pestana Daher