Após ter criado a terra e constatado que
o resultado estava muito bom, Deus quis criar um outro ser, que tivesse além de
todos os atributos que a tal criatura dera, outros, tais como: capacidade de
perceber e discernir sobre o que o rodeia, inteligência e capacidade para entre
muito mais, determinar-se pela própria vontade. E criou a pessoa humana, nada
menos que à sua imagem e semelhança. De
pronto, fê-la ciente das competências que devia ter, das quais todas as outras
seriam decorrentes. E disse-lhe: crescei, povoai a terra e dominai-a.
Há milhões de anos! Podemos ficar por aqui pensando, quanto era estupendo tudo e quanta beleza havia para qualquer banda em direção da qual se olhasse. Quanta pureza no ar que se respirava, quanta harmonia no canto dos pássaros; quanta destreza na floresta cujos galhos balouçavam ao impacto dos ventos; que sinfonia ininterrupta espargiam os oceanos no seu destino de espraiar-se e voltar aos seus pontos de partida, absolutamente certos de que há limites que lhe são impostos a partir da imensa área que lhe foi destinada. Aqueles mangues, plenos de mistérios indecantáveis. Animais inumeráveis, de todas as cores, de todos os portes, de impensadas espécies. Vida a explodir por toda parte! Uma biodiversidade que jorra poesia e produz a ópera jamais repetida ou sequer aproximada, quanto mais igualada, por mais geniais que sejam estes esplêndidos compositores dos quais temos notícia.
Mas a pessoa virou homem, olvidou-se da
semelhança. E pouco a pouco, pela facilidade de satisfazer suas necessidades,
sem sequer precisar distanciar-se de onde estivesse, sem reparar que, a certo
ponto, precisou andar, viajar um pouco mais, para encontrar com que subsistir,
prosseguiu inconsciente. Sem plantar, colhia, com as próprias mãos, com alguns
instrumentos primitivíssimos, seguiram-se aperfeiçoamentos... Hum!!!
por fogo é uma boa solução, poupa-se força e se apressa resultado. Depredação... Exaustão!
Bem, com ou mais consciência, a grande
verdade é que chegamos ao exaurimento do potencial da terra. Depois de milhões
de anos que não estão incluídos no nosso calendário e só depois de 1950 anos, a
partir de quando os anos contamos, é que algumas iniciativas começaram a ser
adotadas. Movimentou-se a ONU, realizando diversas Conferências, entre elas a
da Biodiversidade, no Brasil, em 1992. As nações se mobilizaram. Passou-se a
falar que o meio ambiente conta. Surgiram ONGs. Hoje, se fala em aquecimento da
terra, em exaustão do solo. A terra está desproporcionalmente povoada. A
revolução industrial debita-se a queda nas taxas de natalidade nos países que
se industrializaram. O sonho da cidade grande ou as intempéries circunstanciais
ocorridas no campo promoveram a migração de um grande contingente para as
periferias das cidades. Desatentos os (des)governos privilegiaram ricos que se
tornaram milionários. Aos marginalizados, sem outra alternativa, restou povoar a terra e como povoam!
Dominai a terra. Sim, dominai, porque
você, pessoa, lhe é superior e toda a grandeza que ela encerra é para estar a
seu serviço, agir sempre em seu favor. Dominai-a, no sentido certo, ou de que
todo domínio requer um respeito que seja recíproco. Uma relação de ternura até.
Não, lhe causando transtornos! Não, desrespeitando seu ritmo e suas forças!
Não, sugando-a! Não, privando-a do próprio tempo! Não, deixando de
restituir-lhe o que lhe empresta.
Ou
que todos virem eunucos. Ao menos assim, teremos certeza de que não haverá
futuras gerações e consequentemente ninguém virá a ser privado dos bens da
terra, condições sem as quais é impossível ter vida.
Marlusse
Pestana Daher