De
repente, um movimento involuntário convida meus olhos a se projetarem para fora
da janela e constato que se detêm encantados com o azul fulgurante do céu. Logo
me pergunto, que teto melhor poderíamos ter ou pretender para esta nossa imensa
casa comum? Nenhum outro, este de tão lindo se torna insubstituível. Quase que
só desejo me colocar em contemplação.
No
entanto, a realidade da vida chama a vivê-la para si, para os outros, em
colaboração com o bem de todos, com as transformações que mais que urgem. E se
alguém ainda tiver um mínimo resquício de dúvida, com certeza não sabe de um
dos últimos episódios sobre os milhares de refugiados que perderam todas as
razões para continuar a estar nos seus próprios torrões, só veem como opção deixá-lo,
singram perigosamente o Mediterrâneo em busca de liberdade e de melhores
condições de vida. Encontram a morte.
A
notícia tal e qual: um etíope e um somali asseguraram nesta quinta-feira, (ontem)
em Atenas, que fazem parte dos quarenta e um sobreviventes de um naufrágio que,
deixou cerca de quinhentos mortos no Mediterrâneo, no fim de semana. Muaz
Mahmoude, de 25 anos, originário de Oromia, Etiópia, perdeu a mulher de 21 anos
e o filho de apenas dois meses.
Nem
nos faltam tragédias próximas. Ontem, a recém-inaugurada ciclovia Tim Maia, na
Avenida Niemeyer no Rio de Janeiro, desabou vitimando duas pessoas que
passavam, exatamente na altura dos vinte metros levantados por altas ondas.
Estrutura de concreto que não garante projeção de ondas? Foi feito com cuspe? E
custou foi dinheiro!
Esses
fatos fazem parte daquelas coisas que não devem só chegar à zona do
conhecimento, entristecer ou indignar, logo depois serem esquecidos.
Interessante irem mais fundo, provocar boa reflexão, quiçá um eficiente exame
consciência, tomada de uma posição, mesmo que seja como daquele passarinho que
sabia da insuficiência do pingo de água que carregava no bico, para apagar o
incêndio na floresta, mas prosseguia consciente de fazer a sua parte.
Mau!
amortecer dia após dia, aquela repreensão que a consciência faz naquele momento
em que se leva para casa, uma caneta retirada da repartição, um pouco de folhas
de papel, uma única uva do saco em que se a embala, não devolver aquele objeto
que cai da bolsa da pessoa que caminha a frente e ....
É
frequente o brado a todo pulmão de que políticos são corruptos! E pensar que
são dali mesmo, daquela mesma rua, daquela mesma família, frequentou a mesma
escola...
É...
dá para pensar!
Marlusse
Pestana Daher
Vitória,
22 de abril de 2016 09:16