Edite Angeli Meireles
Nasceu em Santa Teresa-ES e
dedicou sua vida inteira ao magistério. As sequelas da grave poliomielite foram
transformadas em flores e poesias. Desenha, pinta, monta peças teatrais,
compõe. Simples e muito religiosa, é mãe de três filhas, plantou árvores e
escreveu três livros, ganhou concursos e troféus. É autora do hino do
Centenário de Santa Teresa-ES. Edite mora atualmente na mesma cidade em que
viveu toda sua vida.
Pedaços da Infância
Saudade de nossa
infância
Dos parreirais de
uva rocha,
Das laranjeiras em
flor,
Saudades das
brincadeiras,
Brincadeiras de
criança...
De mãos dadas, “Dona
Mariquinha”,
Cantigas de roda a
dançar.
O chicotinho
queimado,
“Amarelinha” no
chão,
No chão todo
rabiscado.
O terço, na capelinha,
As mornas tardes,
rezar
Rezar sempre a
Ladainha
E doces hinos,
cantar...
Saudade de nossa
escola
Ond eaprendi o B + A
= BA
Das merendas nas
sacolas,
Das frutinha nas angolas
Quanta gula a
devorar!
Dos busca-pés, das
estrelinhas
Dos foguetes e
rojões,
Brilhando todo este
céu,
Cai brilho por todo
chão...
Na memória, as
fantasias,
A inocência, a
indagação,
E as respostas
compreendidas,
Através de um doce
olhar.
Saudade da
professora
E das carteiras
compridas
Do quadro das
redações,
Doces momentos da vida!
Saudade de um hino
triste
Que a professora
ensinava
A meninada cantava
Cantava e até
chorava
Porque as férias iam
chegar.
Augusto Ruschi e sua Amante Natureza
Protegeste tanto a
natureza, tanto...
Estudaste cada caule,
cada flor.
Desfrutaste o aroma
por encanto
Deste a ela o melhor
do teu amor.
Admiraste-a grávida e
nua,
E com ela viveste
todos os momentos
Das contrações da dor
e da esperança
Que a cada minuto
surgem teus rebentos...
Verdes, rosas, azuis,
todas as cores,
Que cobrem como manto
o teu chão,
Inda mais cores do que
eu pudesse ver,
Grande amor! Fruto da
tua imaginação.
Um dia, com ela
confundiste-te,
No fenômeno
fotossíntese misturaste-te,
Para por encanto,
desaparecer...
Aqui no nosso ser, tu
aind avives,
No desabrochar das
rosas no amanhecer.
Os acordes do bico de
arara,
Gritos surdos inda
clamam por ti
E na lâmina da
orquídea,
O orvalho que chora,
inda posso ouvir-te,
Oh! Pai do Colibri!
Não sofreste as
críticas irônicas
Foste maior,
compreendeste
Quão exíguo de
espírito e importantes,
Os que riram do teu
grande amor!
Peço a Deus que, de
onde estiveres
O milagre possa
permitir,
Que esta terra se
cubra de flores
Que desperte em outra
mais, os teus Amores,
Ressuscitem as
sementes em ti.
Beija flores continuam
a bailar...
É o balé da Ave
Maria...
Que afinem os ouvidos
e que ouçam...
Que canção! Que suave
harmonia!
O teu marco deixaste
na história,
Aqui e nas divisas
desta imensidão
São os teus rastros de
Amor que sussurram...
Consciência! Não
destruas o chão...
Obrigada, grande
naturalista.
Esteja na luz de Deus!
Doces momentos
Também audosa a alma
gêmea
Lembranças doces e as
fantasias
Doces lembranças da
infância minha
Olhar no ocaso, o sol
se escondia...
O peito em festa,
esquecer os traumas
Volúpias, risos de
ironia
Nos verdes campos
botões de fecham,
Saudosa terra da
infancia minha.
Das cicatrizes dos
vendavais
Se foram os tempos,
não voltam mais
Saudades infindas
De uma infância linda.
Cabelos longos,
cabelos soltos,
Olhos azuis, descalços
os pés
Vivendo sonhos, inocentes
sonhos,
Infância linda, eu
quero ainda
Te reviver...
Obrigada, Deus
Agradeço a Deus do Céu
Por eu ter nascido
aqui.
Viver uma infância
linda!
Da qual nunca me
esqueci.
Uma hora, estava eu
nos galhos,
Das fruteira do pomar.
Ah! Outras dentro dos rios,
Tomando banho ou
boiar...
Às vezes nos
terreiros,
Jogando a minha
peteca,
Outras dentro da
casinha
Fazendo dormir as
bonecas.
Procurava os riachos,
Pedaços de louça
quebradas
Ornamentava a
Igrejinha,
Era ali que eu rezava.
Pelos campos ia
correndo,
Sentindo o cheiro das
flores.
Às vezes de boca
aberta,
Chorava sem sentir
dores.
Dentro das caixas
vazias,
Isto é verdade, é um
fato.
Muitas vezes
lagartixa,
Outra o enterro dos
sapos.
Colheita de
manhãzinha,
Os morangos nas
estradas,
Tirava pena dos frangos,
Para fazer almofadas.
Se a mamãe
surpreendia,
Cortando os retalhos
dela,
Eu fugia das chinelas
Pulando pelas janelas.
Brincava de cozinhado
De piquenique e de
roda.
Gostava de usar as
tintas
E também d epular
cordas.
Fazia comédias e
dramas
No palco das
fantasias!
Onde eu era personagem
Daquela doce Magia.