AINDA É
TEMPO mas como a gente não faz a hora vai retardando. Escrevi este artigo há quinze anos, note-se que ainda serve.
Ouvindo entrevista de um cientista
político conclui, o que já entrevia, que as pesquisas para eleição de deputado
estadual refletem a falta de possibilidade da maioria dos candidatos divulgarem
suas idéias, permanecendo desconhecidos, não se elegerem e tudo ficar como
antes.
O que predomina é a focalização das atenções
nos dois candidatos a Governador, a tendência a votar nos mesmos,
principalmente, nos que fizeram muitos distorcidos favores ou distribuem
“oncinhas”, notas de 50 reais, (dizem alguns). Um Cláudio Vereza, que não é
otário, pode não se reeleger.
Percebe-se
no eleitor, uma irrefreável sede de obter vantagem, mesmo chamando o candidato
de ladrão (título outorgado indistintamente a políticos), ou sabendo que é
completamente desprovido de virtudes, se dele recebe algo, o resto que se dane.
Nos
bastidores da Frente Popular Parlamentar, do PSB, um gemido seco domina o ânimo
geral. Provavelmente, uma única (re)eleição, é o que acontecerá. Um detalhe é
evidente, o partido aceitou um candidato a governador, sem nenhuma relação com
sua história, ligado a outros candidatos a deputado com quem tem toda afinidade
desejada e que no entanto, apesar de tudo, também correm risco de não eleição.
Citado
candidato, aboletado na sua t r a d i ç ã o, (ou sei lá o quê) ignorou os
candidatos do seu partido, que pelo menos hoje, é o PSB, e, escudado em outras
siglas e ladeado por outros menestréis, partiu pelos caminhos da terra capixaba
em busca do voto que o leve ao Anchieta.
Já
reparou – e como! - que, sem renovação na Assembléia, poderá ter sérias
dificuldades, se eleito. Poder-se-á deparar com um parlamento que sabe dar
“bons nós” na caminhada de um governador...
Cairá por terra sua fama de que será um grande governador tal qual foi
prefeito de Vitória. Talvez o povo ainda não tenha reparado que é impossível
ser mau prefeito de uma capital que dispõe de tantos recursos.
O
partido por sua vez, concentrou suas forças na eleição de um deputado federal,
negou palanque aos deputados estaduais e o tempo total a que têm direito na
televisão. Relegou-os aos minguados 40 segundos que lhes sobrou, a não passarem
de poder dizer além de uma única frase, sendo a televisão tão preciosa.
Em público o digo, candidatos a deputado estadual, sufocam um grito
preso na garganta. Não puderam fazer sua pregação cívica, esclarecer o povo
sobre a soberania do seu gesto de votar e outras coisas mais.
Não
posso calar. Se a isto se chamar de “infidelidade partidária”, opto por ser
infiel e voltar a dizer ao povo que deve redobrar sua atenção na escolha dos
candidatos aos diversos cargos. Se não protagonizarmos a nossa própria
história, seremos marionete de outra, comandada pelo crime organizado, pelo
tráfico, etc. O que nos diz ter Vitória servido de refúgio ao mais procurado
pela polícia nos últimos tempos? Qual será a sorte dos nossos filhos num futuro
que é amanhã? Chega de acomodação, de repetir resignadamente “que gente honesta não ganha eleição”, ou não
somos todos honestos? A sorte está
lançada, mas ainda é tempo de revertermos o quadro, queiramos.
Este ano voltamos às urnas e todos somos chamados a um posicionamento sério e participativo, Acomodar-se é covardia.
Marlusse Pestana Daher