segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

DOMINAI A TERRA


        Após ter criado a terra e constatado que o resultado estava muito bom, Deus quis criar um outro ser, que tivesse além de todos os atributos que a tal criatura dera, outros, tais como: capacidade de perceber e discernir sobre o que o rodeia, inteligência e capacidade para entre muito mais, determinar-se pela própria vontade. E criou a pessoa humana, nada menos que à sua imagem e semelhança.  De pronto, fê-la ciente das competências que devia ter, das quais todas as outras seriam decorrentes. E disse-lhe: crescei, povoai a terra e dominai-a.

        Há milhões de anos! Podemos ficar por aqui pensando, quanto era estupendo tudo e quanta beleza havia para qualquer banda em direção da qual se olhasse. Quanta pureza no ar que se respirava, quanta harmonia no canto dos pássaros; quanta destreza na floresta cujos galhos balouçavam ao impacto dos ventos; que sinfonia ininterrupta espargiam os oceanos no seu destino de espraiar-se e voltar aos seus pontos de partida, absolutamente certos de que há limites que lhe são impostos a partir da imensa área que lhe foi destinada. Aqueles mangues, plenos de mistérios indecantáveis. Animais inumeráveis, de todas as cores, de todos os portes, de impensadas espécies.  Vida a explodir por toda parte! Uma biodiversidade que jorra poesia e produz a ópera jamais repetida ou sequer aproximada, quanto mais igualada, por mais geniais que sejam estes esplêndidos compositores dos quais temos notícia.

        Mas a pessoa virou homem, olvidou-se da semelhança. E pouco a pouco, pela facilidade de satisfazer suas necessidades, sem sequer precisar distanciar-se de onde estivesse, sem reparar que, a certo ponto, precisou andar, viajar um pouco mais, para encontrar com que subsistir, prosseguiu inconsciente. Sem plantar, colhia, com as próprias mãos, com alguns instrumentos primitivíssimos, seguiram-se aperfeiçoamentos...  Hum!!!  por fogo é uma boa solução, poupa-se força e se apressa resultado. Depredação...   Exaustão!

        Bem, com ou mais consciência, a grande verdade é que chegamos ao exaurimento do potencial da terra. Depois de milhões de anos que não estão incluídos no nosso calendário e só depois de 1950 anos, a partir de quando os anos contamos, é que algumas iniciativas começaram a ser adotadas. Movimentou-se a ONU, realizando diversas Conferências, entre elas a da Biodiversidade, no Brasil, em 1992. As nações se mobilizaram. Passou-se a falar que o meio ambiente conta. Surgiram ONGs. Hoje, se fala em aquecimento da terra, em exaustão do solo. A terra está desproporcionalmente povoada. A revolução industrial debita-se a queda nas taxas de natalidade nos países que se industrializaram. O sonho da cidade grande ou as intempéries circunstanciais ocorridas no campo promoveram a migração de um grande contingente para as periferias das cidades. Desatentos os (des)governos privilegiaram ricos que se tornaram milionários. Aos marginalizados, sem outra alternativa,   restou povoar a terra e como povoam!

        Dominai a terra. Sim, dominai, porque você, pessoa, lhe é superior e toda a grandeza que ela encerra é para estar a seu serviço, agir sempre em seu favor. Dominai-a, no sentido certo, ou de que todo domínio requer um respeito que seja recíproco. Uma relação de ternura até. Não, lhe causando transtornos! Não, desrespeitando seu ritmo e suas forças! Não, sugando-a! Não, privando-a do próprio tempo! Não, deixando de restituir-lhe o que lhe empresta.

         Ou que todos virem eunucos. Ao menos assim, teremos certeza de que não haverá futuras gerações e consequentemente ninguém virá a ser privado dos bens da terra, condições sem as quais é impossível ter vida.

Marlusse Pestana Daher
24 de janeiro de 2014





[1] 10 h

AINDA É TEMPO

AINDA É TEMPO mas como a gente não faz a hora vai retardando.  Escrevi este artigo há quinze anos, note-se que ainda serve.

        Ouvindo entrevista de um cientista político conclui, o que já entrevia, que as pesquisas para eleição de deputado estadual refletem a falta de possibilidade da maioria dos candidatos divulgarem suas idéias, permanecendo desconhecidos, não se elegerem e tudo ficar como antes.

 O que predomina é a focalização das atenções nos dois candidatos a Governador, a tendência a votar nos mesmos, principalmente, nos que fizeram muitos distorcidos favores ou distribuem “oncinhas”, notas de 50 reais, (dizem alguns). Um Cláudio Vereza, que não é otário, pode não se reeleger.

Percebe-se no eleitor, uma irrefreável sede de obter vantagem, mesmo chamando o candidato de ladrão (título outorgado indistintamente a políticos), ou sabendo que é completamente desprovido de virtudes, se dele recebe algo, o resto que se dane.

Nos bastidores da Frente Popular Parlamentar, do PSB, um gemido seco domina o ânimo geral. Provavelmente, uma única (re)eleição, é o que acontecerá. Um detalhe é evidente, o partido aceitou um candidato a governador, sem nenhuma relação com sua história, ligado a outros candidatos a deputado com quem tem toda afinidade desejada e que no entanto, apesar de tudo, também correm  risco de não eleição.

Citado candidato, aboletado na sua t r a d i ç ã o, (ou sei lá o quê) ignorou os candidatos do seu partido, que pelo menos hoje, é o PSB, e, escudado em outras siglas e ladeado por outros menestréis, partiu pelos caminhos da terra capixaba em busca do voto que o leve ao Anchieta.

Já reparou – e como! - que, sem renovação na Assembléia, poderá ter sérias dificuldades, se eleito. Poder-se-á deparar com um parlamento que sabe dar “bons nós” na caminhada de um governador...  Cairá por terra sua fama de que será um grande governador tal qual foi prefeito de Vitória. Talvez o povo ainda não tenha reparado que é impossível ser mau prefeito de uma capital que dispõe de tantos recursos.

O partido por sua vez, concentrou suas forças na eleição de um deputado federal, negou palanque aos deputados estaduais e o tempo total a que têm direito na televisão. Relegou-os aos minguados 40 segundos que lhes sobrou, a não passarem de poder dizer além de uma única frase, sendo a televisão tão preciosa.

Em público o digo, candidatos a deputado estadual, sufocam um grito preso na garganta. Não puderam fazer sua pregação cívica, esclarecer o povo sobre a soberania do seu gesto de votar e outras coisas mais. 

Não posso calar. Se a isto se chamar de “infidelidade partidária”, opto por ser infiel e voltar a dizer ao povo que deve redobrar sua atenção na escolha dos candidatos aos diversos cargos. Se não protagonizarmos a nossa própria história, seremos marionete de outra, comandada pelo crime organizado, pelo tráfico, etc. O que nos diz ter Vitória servido de refúgio ao mais procurado pela polícia nos últimos tempos? Qual será a sorte dos nossos filhos num futuro que é amanhã? Chega de acomodação, de repetir resignadamente  “que gente honesta não ganha eleição”, ou não somos todos honestos?  A sorte está lançada, mas ainda é tempo de revertermos o quadro, queiramos.

Este ano voltamos às urnas e todos somos chamados a um posicionamento sério e participativo, Acomodar-se é covardia.

Marlusse Pestana Daher